Análise 80’s Overdrive

Cansado de simuladores de corrida? Cansado da briga entre Forza e Gran Turismo? Que tal uma genuína experiência arcade com pixel art? Isso é 80’s Overdrive!

Desenvolvido pela Insane Code e, até o momento, exclusivo para Nintendo 3DS, 80’s Overdrive é um sopro de ar fresco para quem quer diversão descompromissada. Com belíssimos gráficos em pixel art e uma trilha sonora maravilhosa, o jogo entrega tudo que propõe.

Quem pode jogar em um PC ou teve um Super Nintendo ou Mega Drive em meados dos anos 90, certamente gastou muitas horas em jogos de corrida arcade, como a série Lotus, Top Gear ou Outrun. Essa é a experiência que 80’s Overdrive busca resgatar. Para tanto, podemos escolher três modos de jogo, avançando em um modo carreira; melhorando nosso próprio tempo em time attack e, por fim, criando nossas próprias pistas em modo de criação.

Como um bom arcade, nosso maior foco é na pista. Assim, temos poucos detalhes para observar, como a condição do carro, que se deteriora a cada batida, e no combustível, que pode ser utilizado para mais de uma corrida. As pistas são lineares, não havendo voltas durante o percurso. Basta seguir em frente, olhar para os lados e ter certeza de que não vamos bater em nenhum adversário ou nos veículos que compõem o tráfego.

A dificuldade do jogo é aumentada por obstáculos, tráfego e pelo carro da polícia que persegue o jogador, fazendo de tudo para atrapalhar (e como atrapalha!). A realidade é que 80’s Overdrive não é moleza. Bater o carro na segunda metade da corrida acarreta em uma derrota amarga, já que retomar a velocidade não é fácil: em questão de segundos, já estamos em último lugar.

Para amenizar a dificuldade, temos upgrades de motor, chassis e pneus, de modo a melhorar a performance na corrida. Cada nova pista é desbloqueada com pontos que ganhamos ao final de cada desafio, gerando uma progressão ligeiramente linear na escolha das fases. Algumas podem ser acessadas fora da ordem, contanto que tenhamos pontos suficientes. Nesse ponto, a tela do 3DS não ajuda, pois acaba escondendo uma parte dos ícones do mapa.

Na parte artística, 80’s Overdrive dá um show. Uma direção de arte focada em mostrar belas paisagens ensolaradas, típicas dos filmes da década nos Estados Unidos, geralmente retratando Miami ou a Califórnia. A música do jogo também brilha, com trilhas cheias de sintetizadores, muito boas para se ouvir com fones, que compõem perfeitamente o clima da época. Os carros são muito bonitos, evocando a tendência de design oitentista para veículos de luxo esportivo, existindo inclusive uma homenagem ao DeLorean, aqui chamado de DeLoan. O jogo também faz um bom uso da tela dupla no Nintendo 3DS, mostrando dados complementares sobre a corrida na tela inferior. O efeito 3D do aparelho não prejudica a atenção aos detalhes, funcionando muito bem. Excelente opção para quem gosta.

Os únicos pontos negativos do jogo, dada a sua proposta, são a ausência de um mini mapa para acompanharmos nosso progresso (inclusive dos adversários) e a falta de uma ferramenta para capturas de tela, que, pelo que pude perceber, deve ser construída dentro dos jogos, pois o 3DS não oferece o recurso de forma nativa. Também não ajuda o fato da tela do 3DS ser muito pequena. Todavia, estes últimos reveses são intrínsecos à plataforma escolhida para lançamento, o que me faz desejar um futuro lançamento do jogo no Nintendo Switch, ou quem sabe, no PlayStation Vita.

Por fim, 80’s Overdrive é uma excelente opção de compra. Simples, divertido e barato (apenas 10 dólares), garante boas horas de nostalgia. É também uma boa aquisição para quem se preocupa com o conteúdo consumido pelas crianças, já que não tem violência. Para os adultos, é incrivelmente nostálgico e bonito. Recomendo muito para quem gosta do gênero.

80’s Overdrive foi lançado em dezembro exclusivamente para o Nintendo 3DS. A análise foi feita a partir de uma cópia digital do jogo fornecida pela Insane Code.

Tiago Matias Escobar
Metaleiro não uniformizado. Cerveja, pizza, games e viagens ocasionais.