Slow Games

Slow Games é um game experimental que deixa você fazer apenas uma única jogada por dia.

Em oposição à rapidez e à instantaneidade presente hoje na sociedade moderna e na maioria dos jogos populares, Slow Games é um jogo experimental criado justamente com o objetivo de mostrar aos jogadores uma outra forma de ver a vida. Nele, você só pode fazer uma única jogada por dia!
Desenvolvido pelo designer americano Ishac Bertran, Slow Games tem como principal inspiração os games clássicos como Mario e Pong. Você não verá gráficos incríveis ou tecnologia de última geração, mas sim muita simplicidade e foco na estratégia.

Outra mudança interessante que Bertran tenta trazer de volta ao mundo dos games com sua criação é a necessidade de exercitar a memória, a capacidade de observação e, acima de tudo, ser muito paciente. Ou seja, em vez daquele monte de botões, olho grudado na tela e muita concentração, este jogo mostra uma outra perspectiva de habilidades para fazer progresso em um jogo.

Com Slow Games, Ishac Bertran projetou e desenvolveu não mais um game digital, mas um videogame físico que possui três consoles, usando um sistema de interação de baixa frequência. Além disso, os suportes foram feitos para se misturarem ao ambiente, por isso nem parece, de fato, um videogame. Os consoles tem a forma de cubos de madeira, podendo se passar por luminárias, relógios de mesa e até caixas de som. Tudo menos videogame!
Como falamos, Slow Games consiste em um videogame físico com três diferentes consoles, cada um com uma função e jogo diferente.

  • Console-Botão: este console possui um botão que é sensível ao tempo em que fica pressionado. Porém, o jogador apenas poderá visualizar o resultado de sua ação no dia seguinte.
  • Console-Orientação: este console é responsável por controlar a direção dos elementos visualizados no jogo (“bolas”). Isso pode ser feito ao mudar o console de posição, virando-o para baixo, para cima, para o lado, etc.
  • Console-Interruptor: este console possui um interruptor que serve para ditar o movimento durante os jogos, em termos de esquerda e direita.

Independente do console, ao fazer uma jogada hoje (ou seja, apertar o botão, mover o cubo ou ligar o interruptor), o resultado no jogo só poderá ser visto amanhã!

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Um dos exemplos demonstrados através de sua lógica é a versão “lenta” do Pong que Bertran criou nos consoles. Ela começa com a bola em movimento a uma velocidade de 1, mas aumenta em 1 unidade cada vez que a bola tocar na rede. Com alguns dias de jogo, o jogador consegue prever a trajetória da bola afim de ganhar os pontos.

“Estou usando o Slow Games como uma plataforma para experimentar games com baixo ritmo, de longa duração e que agregam mecanismos que podem manter os jogadores engajados durante semanas em uma única regra ou variação.” – Bertran conta mais sobre suas intenções, no site do projeto.

Todas essas características descritas acima são baseadas em jogos clássicos, tanto de arcade como os primeiros videogames. Com poucas funções e que necessitavam apenas de um simples toque, Slow Games tenta resgatar com muita nostalgia uma época em que a simplicidade era a melhor forma de aprendizado e diversão.

O projeto também faz parte de uma pesquisa maior, em que uma série de games está sendo criada para estudar e refletir como usamos a tecnologia hoje, e qual a nossa necessidade de feedbacks e estímulos instantâneos em nossas vidas. Mais uma vez, o game surge como uma mídia de inovação, experimentação, aprendizado e, claro, diversão.

Samanta Fluture
Formada em publicidade pela ESPM e Arte Digital pela Central Saint Martins em Londres, atualmente cursa mestrado em Tecnologias de Inteligência e Design Digital na PUC. Trabalha como redatora web para sites sobre comunicação, tecnologia, cultura e projetos criativos no geral. É apaixonada por arte, viciada em indie games e gosta de se aventurar na programação!