Análise Alan Wake 2 (PS5)

Alan Wake 2 possuí visuais excelentes, narrativa repleta de terror psicológico e se destaca como um dos projetos mais ambiciosos do ano.

Jamais imaginava que depois de tanto tempo eu iria jogar a sequencia de um dos meus jogos preferidos do Xbox 360, se não o melhor daquela geração no console da Microsoft. Minha espera era por Silent Hill, mas fui surpreendido por um pequeno teaser de Alan Wake 2 durante o The Game Awards de 2021.

Angustiante, assustador, às vezes perturbador, Alan Wake 2 faz um retorno triunfante treze anos depois de um primeiro episódio que quem conhece não esqueceu. Melhor ainda, a Remedy Entertainment não se contenta em fazer uma sequência simples e básica, mas está reajustando o seu jogo renovando a jogabilidade.

Ao introduzir um segundo personagem, os desenvolvedores injetam um aspecto de “investigação” bem-sucedido que reforça a história desses assassinatos satânicos. Ao tomar a direção do obscuro e perturbador survival horror, Alan Wake 2 também destila suas lutas, certamente em menor número, mas que se tornaram mais ferozes e intensas, sem dúvida também para focar em uma história cada vez mais cativante.

Não é mais um lago e muito menos um oceano…

“Stephen King, certa vez, disse: “pesadelos existem fora da lógica, e há pouca diversão em tentar explicá-los; isso é antiético para a poesia do medo”

Fazendo uma pequena comparação com o primeiro Alan Wake é que de cara percebemos que os momentos de ação não são como antes e dão lugar a uma linha mais levada para questões investigativas do que o “jogo de ação psicológico” que estampava na capa do game em mídia física.

Alan Wake 2 leva o jogador a examinar os ambientes mais do que a puxar o gatilho. Uma escolha de design de jogo que também permite contemplar cada objeto e ver o quão grandioso é o novo game da Remedy.

Definitivamente é um jogo de nova geração que todos esperavam.

Da modelagem de seus personagens ao incrível gerenciamento de sua iluminação, o mais novo título da Remedy é inegavelmente um dos jogos mais bonitos de 2023. Tudo é feito com bastante capricho, principalmente as incríveis expressões dos NPC, características faciais, bem realistas que no meu ponto de vista, talvez este seja um verdadeiro jogo de próxima geração…

De volta a Bright Falls…

Para quem se aventurou no primeiro game da franquia, vai se apaixonar por essa Bright Falls totalmente remodelada.

Treze anos. Foi quanto tempo levou para Alan Wake finalmente conseguir uma sequência real, e Deus sabe que não era um dado adquirido. Lançado em 2010 exclusivamente para Xbox 360, o primeiro Alan Wake infelizmente não teve o sucesso que merecia, apesar de suas inúmeras qualidades.

Se o grande público o evitava, na Remedy Entertainment nunca perdemos a esperança de poder continuar a contar as aventuras deste escritor torturado. Entre cada novo projeto (Quantum Break, Control), os desenvolvedores continuaram a apresentar novas ideias para a franquia.

Como um pesadelo, ele vem atrás de você envolto em sombras…

A lanterna continua lá, mas não é mais um dos objetos essenciais de Wake.

Certamente, a remasterização lançada em 2021 sofreu outro fracasso comercial, mas mesmo assim o projeto foi lançado. No final de 2023, aqui estamos nós, de volta a Bright Falls para mergulhar nas reviravoltas da mente perturbada de Alan Wake. Só que desta vez muitas coisas mudaram…

É difícil abordar a história de Alan Wake 2 sem estragar o desfecho do primeiro título, pois as duas histórias estão diretamente ligadas uma à outra. Além disso, para compreender os acontecimentos que se seguirão, decidimos brandir o cartão de prescrição, para vos explicar que o nosso querido Alan Wake fará todo o possível para sair do Dark Place, este lugar macabro em que ele está confinado há 13 longos anos, quando decidiu salvar sua esposa Alice, trocando de lugar com ela.

Além da sombra que te contenta, há um milagre reluzente…

É prazeroso andar pelas ruas e sentir a ambientação tensa e pesada de Alan Wake 2.

Um sacrifício do coração, mas também da razão, que corre o risco de mudar a percepção de Wake. Porém, não é com ele que começa a aventura de Alan Wake 2, mas sim sob os controles de Saga Anderson, um personagem inédito. Agente do FBI, mas também mãe, Saga Anderson é enviada a Bright Falls para investigar uma série de assassinatos bastante macabros.

Uma missão que ela compartilha com Alex Casey, que os jogadores do primeiro Alan Wake necessariamente conhecem. Não vou me aprofundar muito sobre os detalhes da história dessa sequencia, mas saibam que Sam Lake mais uma vez usou a sua caneta para nos transportar para uma história que é ao mesmo tempo cativante, perturbadora e rica em detalhes.

Por dentro da mente de Saga Anderson…

O quadro de casos da Saga é onde podemos juntar documentos e provas que encontramos durante a gameplay servindo de ajuda para progredir no game e encerrar casos.

Já suspeitávamos disso, mas com Alan Wake 2, os desenvolvedores da Remedy Entertainment reajustaram alguns parâmetros, e podemos dizer com certeza agora que terminamos a aventura, esta sequência não é apenas um simples terror de sobrevivência, é também uma experiência marcante, às vezes traumáticas.

Sam Lake queria fazer deste Alan Wake 2 um jogo memorável, e com certeza, há muitas sequências que ficarão gravadas na nossa memória; começando com esta cena de introdução, inesperada e um tanto chocante.

A exploração noturna em Bright Falls possuí uma atmosfera atmosfera impecável.

Este é também um dos pontos fortes de Alan Wake 2, nomeadamente a sua atmosfera opressiva, a sua atmosfera pesada e uns sustos aqui e outros lá.

Uma porta que fica entre duas salas está aberta em ambas, uma porta que leva a qualquer lugar está em todo lugar…

O Hotel é uma das melhores partes da gameplay com o Wake.

Esta tensão visual palpável reflete-se essencialmente nos gráficos, de longe um dos aspectos mais surpreendentes do jogo. Já sabíamos que o motor Northlight da Remedy era capaz de muitas coisas, mas com Alan Wake 2, os desenvolvedores provaram que dominam sua ferramenta de forma brilhante. Seja a modelagem dos personagens, todos os elementos que compõem os ambientes, as texturas, a iluminação, as animações e até as expressões faciais, tudo é surpreendentemente belo e realista.

Não entendo. Há muita coisa que não entendo…

É importante ficar atento a cada detalhe dos diálogos.

Basta passear pelos diferentes níveis para ver a atenção dada aos detalhes, a ponto de transcrever maravilhosamente essas cidades americanas do noroeste do Pacífico. É bastante desorientador.

Não esperávamos necessariamente que Alan Wake 2 estivesse neste nível de maestria, mas podemos dizer com total tranquilidade, é um dos jogos mais bonitos de 2023 e talvez o mais atraente desde The Last of Us Parte II. Alguns dirão que finalmente estamos lidando com um jogo de próxima geração e não estarão completamente errados.

É no Lugar mental que Saga junta as provas e liga os pontos da história do game.

Se Alan Wake 2 é mais um terror de sobrevivência na sua atmosfera, também é na sua jogabilidade. Foi abandonada a estrutura do primeiro título que consistia em libertar o jogador para áreas mais abertas onde tinha de enfrentar ondas de várias dezenas de inimigos ao mesmo tempo.

Me mostre a luz e eu te ajudo…

Palavras de poder são as melhorias que podemos escolher para Alan Wake, desde maior dano na arma, como maior efeito na lanterna.

Aqui, voltamos a focar em 1 ou 2 inimigos ao mesmo tempo, às vezes três, mas não mais, já que cada confronto deve ser intenso. Na verdade, você precisará de várias balas para derrotar cada pessoa possuída, especialmente porque também terá que revelar seu ponto fraco por meio desta mecânica de luz ligada à lanterna.

Basicamente, ao pressionar R1, Saga Anderson, assim como Alan Wake, conseguem concentrar seu foco de luz para enfraquecer um inimigo. Só então é possível esvaziar sua pilha para eliminá-lo diretamente, como acontecia com algumas criaturas do game anterior.

É a noite sem noite, ela devora um homem…

Alan Wake 2 merece um modo foto urgente.

Mas quem diz terror de sobrevivência também diz quantidade limitada de munição, e você terá que fazer bom uso de cada bala para evitar ficar rapidamente desamparado. Felizmente, é possível infligir ataques corpo a corpo para enfraquecer os inimigos, mas também para desviar de ataques, como no primeiro Alan Wake.

Se os combates em Alan Wake 2 se revelam mais penosos do que no primeiro episódio (graças à maior ferocidade dos adversários), rapidamente percebemos que os confrontos não são tão numerosos. Talvez a ponto de deixar para trás quem esperava um equivalente a Resident Evil, especialmente 4 e seu remake, em termos de tiroteios e momentos mais acelerados.

A gameplay com a Saga possui mais ação, enquanto Wake vai mostrando mais a Lore do game.

O jogo inclui sequências de tiros, é claro, mas não tantas como nos jogos de terror de sobrevivência da Capcom, longe disso. Não, o que prevalece sobretudo em Alan Wake 2 é esse sentimento de avançar numa investigação, é melhor que você saiba disso. O jogo exigirá então do jogador uma certa exigência em termos de reflexão, mas também de concentração, para melhor compreender como surgiram estes ritos assassinos na região.

Mergulhando fundo na superfície…

Desde Control, a Remedy consegue colocas suas psicodélicas dentro dos jogos de uma forma que nenhuma outra desenvolvedora conseguiu até hoje.

Você terá que estar atento à menor pista que encontrar nos ambientes, desde a simples carta para pegar, até caixas para abrir ou notas de áudio encontradas aqui e ali. Quem não gosta de vasculhar os ambientes pode sentir falta de elementos que, no entanto, são importantes para avançar melhor no jogo, como esta espingarda, escondida em uma sala. Podemos simplesmente sentir falta disso. Para reforçar esse sentimento de participação em uma investigação criminal, Alan Wake 2 pressionará o jogador a fazer um perfil.

Vazio, alucinação, solidão e escuridão…

Esse é o momento em que você pausa e pensa : A nova geração começou…

No jogo, quando você estiver no controle de Saga Anderson, você poderá entrar no Mental Lair, acessível a qualquer momento pressionando o touchpad do controle. Encontramos então a nossa agente do FBI numa espécie de escritório onde ela pode examinar as pistas recuperadas, traçar perfis de pessoas, avançar a investigação através de uma mesa, mas também ouvir áudios, rever vídeos, como também melhorar as suas habilidades com armas.

Um mistério chamado Alex Casey…

Alan Wake é um vilão ?

Se o local for pacífico, o jogo lembra-nos muitas vezes que o covil mental não nos permite pausar o jogo e que Saga Anderson permanece vulnerável quando entramos nesta sala especial. O mesmo acontece com Alan Wake, que se encontrará na sala dos escritores, local onde esteve confinado durante 13 anos onde o espera uma máquina de escrever, mas também pinturas que lhe permitirão navegar melhor pelos níveis (através de mapas), mas também entender seus objetivos.

Alan Wake está preso em sua própria história ?

Como Alan Wake vai conseguir se libertar do Dark Place ?

Mas a grande riqueza de Alan Wake 2 é oferecer dois personagens com abordagens completamente diferentes. Se por acaso Saga Anderson é o personagem mais pé no chão da história, com lutas bem reais, a jogabilidade de Alan Wake traz sua dose de sobrenatural. Como este último está preso no Dark Place e seu objetivo é escapar, compartilharemos com ele suas alucinações.

O jogo se diverte com cenários em cores saturadas, revestidos de efeitos visuais de fumaça e distorção que existem para mergulhar o jogador em uma imersão de solidão e loucura.. A ideia é transcrever o pesadelo que Alan Wake vive, a não ser que seja uma viagem egocêntrica, quem sabe.

Return…

Vamos Alan, existem páginas que precisam ser escritas…

Conclusão

O game possuí um visual pesado que é percebido logo no inicio do game, assim como fotografias, trechos de vídeos gravados e até mesmo quando o Alan Wake morre, é mostrado uma imagem um tanto quanto perturbadora para um game over.

Mas não são apenas os ambientes que perturbam deliberadamente, os inimigos também são representados de forma abstrata, como espectros borrados que ficam sussurrando palavras às vezes inaudíveis, posso até estar enganado mas em algumas dela acredito que estejam chamando o nome do nosso personagem : “Wake, Alan Wake”.

Somado a isso está uma mecânica especial para Alan Wake, que possui uma lâmpada de anjo com habilidades únicas. Basicamente, se o dispositivo estiver ao alcance de uma grande fonte de luz, Alan Wake poderá mudar a realidade instantaneamente.

O ambiente pode, portanto, mudar num piscar de olhos, abrindo novas passagens que nos permite avançar. Cabe portanto ao jogador compreender como jogar com esta lâmpada angelical, que nos ajuda muito a progredir no game como também nos deixar totalmente perdidos em labirintos e determinadas realidades diferentes. Sem dúvida, a intenção da Remedy era exatamente isso.

Um ponto que vale ser mencionado para quem vai jogar o game do PlayStation 5 é o uso do Dual Sense, mesmo que este não tenha muitas sensações aplicadas, sentir as gotas de chuva através do controle mesmo que de forma sutil, gera uma ótima sensação durante a gameplay mas pecaram em não utilizar um pouco mais da tecnologia que o controle pode oferecer.

Se a jogabilidade da Saga Anderson traz a assinatura do primeiro Alan Wake em termos de sentimento, a seção dedicada a Alan está mais próxima do thriller psicológico.

Aconteça o que acontecer, ambos são um convite a uma experiência bastante inesperada, que soube reinventar-se e não confiar no que adquiriu, nem mesmo copiar  a fórmula de outra desenvolvedora. E essa também é a marca do grande, ou seja, trazer à tona o seu próprio talento, sendo um game que merece ser jogado por amantes de uma boa narrativa e principalmente os fãs de jogos de suspense/terror.