Análise Gungrave G.O.R.E (PlayStation 5)

Gungrave G.O.R.E recebe melhorias gráficas mas peca demais em insistir com sistemas ultrapassados sem nenhum tipo de evolução.

O ano era 2002 e o PlayStation 2 recebia Gungrave, um game de tiro frenético em terceira pessoa e mesmo não sendo muito popular acabou recebendo uma adaptação em anime no ano de 2003, em 2004 teve uma sequencia intitulada de Gungrave: Overdose e em 2018 uma versão não muito interessante para PlayStation VR.

E agora depois 22 anos após o primeiro game da franquia, Gungrave está recebendo o seu quarto título chamado de Gungrave G.O.R.E, que resgata o sentimento de nostalgia, trazendo uma melhoria gráfica significante se comparado aos jogos anteriores mas não da para dizer que os gráficos, mecânicas, efeitos e level design são da nova geração, ou seja, ficamos com uma sensação de estar jogando um game antigo repaginado.

Logo na tela de menu inicial podemos ir na opção história e lá é mostrado um resumo dos acontecimentos dos jogos anteriores para que você tenha ao menos noção de quem é o nosso protagonista e o que aconteceu com ele, mas nada disso é um fator determinante para a história de Gungrave G.O.R.E.

Cutscenes melhores que o jogo em si
Chegada triunfal até o momento da gameplay…

Sensação de estar jogando um PlayStation 2

Confesso que depois de tantos anos, Gungrave G.O.R.E poderia vir com mudanças orgânicas como aconteceu com outros games hack’n slashes do tipo Devil May Cry, Bayonetta e até mesmo God of War que sofreu uma mudança de gameplay ousada em 2018, mas a minha experiência com o novo game da franquia Gungrave foi uma forte insistência em manter sistemas ultrapassados sem nenhum tipo de evolução.

A sensação é idêntica e caso você já tenha jogado algum game da franquia, exceto a versão de VR, não espere por grandes novidades pois os comandos permanecem idênticos aos títulos lançados exclusivamente no PlayStation, ou seja, você vai encontrar a mira automática para disparo com armas, golpes corpo a corpo para causar dano nos inimigos e rebater projéteis mais potentes, esquiva, andar para frente e ver tudo acontecer como nos velhos tempos.

Gungrave G.O.R.E
 One shot, one kill !

Só gráficos não tornam um game melhor

Gungrave G.O.R.E tem um inicio sensacional em CGI onde Grave chega a um esconderijo criminoso em um caixão movido a foguete, explode e imediatamente atira em um grupo de capangas deixando o cenário repleto de sangue, isso foi irado mas ao mesmo tempo acabou gerando um efeito roda gigante, quando saímos de uma animação muito bem feita (ponto alto da roda) e logo em seguida somos jogados para uma gameplay totalmente arcaica (ponto baixo).

Como falei anteriormente, a parte gráfica obviamente recebeu uma melhoria significativa até porque estamos fazendo uma comparação direta com um game de 2004, então nada mais justo do que ver cenários bem reproduzidos, bons efeitos visuais que ficam melhores com o uso do Ray Tracing.

Mas infelizmente essa qualidade não é vista em todos os níveis, terão sim, cenários bonitos e bem elaborados e outros bem abaixo do nível que o jogo te mostra em alguns momentos.

Gungrave G.O.R.E
É ganhando que se recebe, Grave rebate uma bala de bazooka contra o inimigo.

Grave poderia ter umas aulas com Dante e Bayonetta

A trilha sonora é boa, frenética, diverte nos momentos de ação mas pecam em dosa-la nos momentos certos, pois diversas vezes o sincronismo da gameplay não era favorável ao ritmo que o jogo ditava e isso ficava meio confuso, mas não é o maior dos problemas.

Diferente dos personagens de Devil May Cry e Bayonetta, onde o ritmo de movimentação em diversos momentos é frenético ao pouto de as vezes não conseguirmos acompanhar o personagem com tanta coisa acontecendo na tela, mas quando jogamos com Grave sentimos de forma severa o peso e a lentidão do personagem que mais parece um tanque de guerra do que um herói. Então caso você esteja conhecendo o jogo agora, fique ciente das limitações do personagem para não se deparar com uma experiência frustrante, ok?

Você não precisa esperar Cosme e Damião para dar bala, isso é o que tem de sobra no jogo.

O ritmo lento de Gungrave G.O.R.E permite uma abordagem mais pensativa em executar suas ações, ou seja, você não está apenas atirando descontroladamente nos inimigos por mais que isso aconteça bastante, você também vai ter que observar momentos de ataque surpresa e defesa, planejando seu movimento e os próximos alvos enquanto absorve balas fazendo aquela deliciosa limpa no cenário.

Quando pensamos em jogos hack and slash, já imaginamos imediatamente um protagonista ágil e com esquivas em alta velocidade que irá fazer sua mão suar enquanto joga, mas a mecânica de Gungrave G.O.R.E é bem mais cadenciada e depois de poucas horas de gameplay pode ser absorvida facilmente pelo jogador focando mais na necessidade de se manter vivo na maior parte do tempo , procurando sempre evitar danos maiores, principalmente contra os chefões.

Boss fights pouco empolgantes
A lentidão no Boss Fight gera um nervosismo bizarro !

Gungrave G.O.R.E tenta não tentar

O game nos da a possibilidade de desbloquear novos combos corpo a corpo, melhorar o dano causado nos inimigos e até mesmo ataques especiais, os Demolition Shot que são legais de ver. Eles também são a única maneira de recuperar a saúde em Gungrave.

Uma gama de habilidades estão disponíveis para enriquecer a jogabilidade ao longo das horas. Quando tudo esta indo bem, bons sentimentos vem a mente, pena que poucas coisas se encaixam durante a gameplay e não trazem sequer um frenesi adicional, e isso é completamente frustrante.

Gungrave G.O.R.E
Essa pode ser o seu semblante ao jogar Gungrave G.O.R.E

Quanto mais eu tento encontrar bons momentos da minha experiência, mais eu me pego encontrando mecânicas de jogabilidade que não evoluíram por 20 anos. Corredores vazios sem nenhuma animação particular, apenas uma seta mostrando a direção que devemos seguir, multidões de inimigos que variam de tempos em tempos com um código de cores ou implementação de cristais. Não há sequer um simples quebra-cabeças ou até mesmo itens escondidos em algum canto do cenário.

Conclusão

A experiência com Gungrave G.O.R.E sequer é aquela no qual posso pensar em jogar daqui a algum tempo e gostar, não, muito pelo contrário, o jogo traz mecânicas ultrapassadas apenas com uma pitada de visual modernizada e nada mais do que isso, sem contar no preço de lançamento que não combina de maneira alguma com a experiência que o game pode te proporcionar. Então a minha recomendação vai diretamente para quem é fã e deseja jogar pela nostalgia dos anos 2000, e aquele que ainda não tem conhecimento do game e esperam uma aventura repleta de ação com grandes evoluções diferenciadas, é melhor passar longe.

Com o preço de R$249,50 nas versões PlayStation caso você ainda sim queira jogar, é melhor esperar por uma promoção, e para os usuários de Xbox, é possível jogar através do Xbox Game Pass a partir de hoje.


A análise de Gungrave G.O.R.E foi escrita com base em uma cópia de PlayStation 5 gentilmente cedida pela assessoria de imprensa do jogo.