Análise: Mount & Blade II: Bannerlord (Xbox)

Bannerlord é um jogo ambicioso que se propõe a ser mais do que um RPG, sendo um verdadeiro simulador de Idade Média.

Mount & Blade II: Bannerlord

Provavelmente você imaginou como seria viver na idade média.

O cinema e a TV fantasiam esse tema há décadas, reis e a rainhas sempre fizeram parte da literatura ocidental (pelo menos desde que eles passaram a existir). Mas convenhamos, cada reinado tem apenas um Rei, uma Rainha e no máximo um punhado de príncipes e princesas. E, apesar de existirem alguns nobres, a grande maioria da população cortava um dobrado pra sobreviver sem muito do que consideramos básico hoje em dia e enfrentando doenças e guerras.

Casamentos pode ser uma grande oportunidade de expansão
Casamentos pode ser uma grande oportunidade de expansão

Mount & Blade II: Bannerlord te coloca justamente nesse lugar. Você pode até se tornar um rei, lorde ou imperador, mas vai ter que lutar muito pra isso. O jogo que, obviamente, é um RPG, mas concentra tantas jogabilidades que fica até difícil definir o que ele é além disso.

Começamos abandonados depois de nossa família ser sequestrada e nossos pais assassinados. Um tutorial de batalha é iniciado em um campo de treinamento. Andar de cavalo, atirar e executar golpes com espadas e lanças são alguns dos treinos e você pode aprender a fazer tudo isso ao mesmo tempo. A forma como podemos executar golpes ou defender em várias direções é bastante estranha no início, exige uma habilidade razoável nos controles, mas permite combates mais variados que a média dos jogos de ação.

Sem recursos, sem família começamos a fazer pequenos bicos em um vilarejo e logo montamos nosso grupo para executar essas tarefas. E aí que o jogo brilha. Se você tiver alguma habilidade em gerenciamento, seu pequeno grupo pode se transformar em um clã e até um império. Em cada vilarejo e cidade habitantes estão disponíveis para serem contratados. Alguns até com diversas habilidades úteis como medicina, engenharia e etc…

Calradia, nosso continente, abriga diversos povos com características distintas e, com o declínio do império, a guerra está de volta. Cada grande facção é composta por vários castelos e cidades, todas elas são controladas por inteligência artificial tornando cada partida única. Todas as missões, alianças ou batalhas que travamos alteramos esse cenário e a forma de como os personagens se relacionam com a gente.

Vista área de umma parte do mapa
Vista área de umma parte do mapa

Por fim, a história principal, nos coloca em duas grandes escolhas: Tentar derrubar o que restou do império ou tentar reerguê-lo e entrar para uma facção ou criar a sua própria. Para isso precisamos ter um grupo forte, aliados competentes, uma boa diplomacia sustentada por casamentos e favores.

Os comandos fora da batalha são bem estranhos. Passa uma clara impressão que o jogo foi feito para se jogar com teclado e mouse e não em controles. Já nas batalhas é um pouco mais “natural”, mas como dito antes, não é simples dominar os golpes que podem ser da esquerda pra direita ou o contrário, até vindo de cima ou por baixo. O mesmo vale para escudo e tudo fica mais complicado quando se está montado em um cavalo. Jogadores habilidosos poderão se beneficiar das possibilidades que as batalhas podem apresentar.

Um dos castelos iguais no jogo
Um dos castelos iguais no jogo

E pra quem gosta da parte tática, Bannerlord também é um prato cheio. Você pode escolher os tipos de guerreiros que você quer utilizar no seu grupo assim como diversas formações de defesa ou ataque. Você raramente estará sozinho em uma batalha e uma boa tática fará diferença entre o sucesso e o fracasso em cada conflito. Se não é o seu caso, contrate um bom comandante, evolua bem os seus homens e parta para as batalhas simuladas. Eu confesso que no início controlei meu personagem e meu clã sempre que pude. Mas após dezenas (ou será centenas?) comecei a utilizar as simulações para acelerar o jogo.

Em relação ao gerenciamento, você pode optar por ser bem simplista, fazer missões paralelas ou enfrentar bandidos para angariar recursos para manter o seu clã ou montar caravanas de comércio, comprar uma ferraria e diversos outros comércios. Também poderá administrar seus feudos tanto politica e economicamente. E talvez esse seja o ponto alto do jogo. Não há uma única forma de jogar, você pode se concentrar no que gosta e deixar o resto mais “simples” ou pode aproveitar tudo que a desenvolvedora TaleWorlds Entertainment preparou.

Na parte visual é impossível não reparar que não se trata de um AAA, pelo menos não de um lançado em 2022. Mount & Blade II: Bannerlord não é um jogo feio, longe disso, mas as texturas são muitas e muitas vezes reaproveitadas, quase todas as arvores, pedras e paredes são parecidas, os NPCs são parecidos. Longe de atrapalhar a gameplay, e, provavelmente, os fãs do estilos nem se incomodarão com isso, porém, nesse quesito, o game fica bem atrás dos grandes lançamentos dos últimos anos. As trilhas sonoras são agradáveis e muitas vezes contagiantes, mas também não são variadas, assim como os efeitos sonoros dentro e fora das batalhas.

NPC genérico
NPC genérico

Por fim, Mount & Blade II: Bannerlord tem pontos altos e baixos. Foi lançado em modo de acesso antecipado em 2020 e os relatos da comunidade é que a desenvolvedora escutou bastante as críticas e melhorou muito o título o que é legal para os fãs fieis. Os diversos modos de jogo dentro de um mesmo jogo chama a atenção e quase tudo funciona bem. Como game é muito mais que só a história principal é possível gastar centenas (não é exagero) de horas montando e administrando seu império ou apenas batalhando pelo continente.

Já como ponto negativo temos as missões paralelas extremamente repetitivas, os cenários, texturas e personagens também apresentam pouca variedade. Os controles de menu, navegação e gameplay fora das batalhas parecem muito uma “gambiarra” e exige um bom tempo para se acostumar mas sempre passa a impressão que era melhor ter um mouse a mão.

Contudo, Mount & Blade II: Bannerlord é um excelente e ambicioso jogo, apesar de, talvez ser para um nicho e não para o grande público. Já fico na expectativa do que o estúdio vai fazer nos próximos anos.


Jogamos em um Xbox Series S com uma cópia fornecida pela assessoria de imprensa do game. Também disponível para Xbox One, Xbox Series X, PS4, PS5 e PC.