Análise Observer: System Redux (PlayStation 5)

Observer: System Redux é um jogo de investigação cyberpunk em que extraímos informação das vítimas via implantes cibernéticos para encontrar os assassinos.

observer: system redux playstation 5 main

O ano é 2084 e Daniel Lazarski (Rutger Hauer) é um detetive veterano investigando homicídios em um futuro cyberpunk decadente. Mas ele não faz isso do modo convencional: Lazarski possui tecnologia capaz de extrair informações de alguém morto. Ele é um Observer e agora precisa se entranhar em um edifício-favela para resolver um caso de natureza pessoal com o tempo que lhe resta nesta versão melhorada do jogo de 2017 que ganhou o nome e sobrenome de Observer: System Redux.

Tartaruga no Deserto Virada Para Cima

Tudo começa quando o detetive Lazarski recebe uma ligação de alguém conhecido sem saber que essa chamada o colocará em uma caçada pelos corredores apodrecidos de um condomínio na parte esquecida da cidade dominada por uma megacorporação chamada Chiron Incorporated. O cenário da investigação, o condomínio, é um lugar dos mais acabados cuja mera sustentação vertical parece um milagre futurista. Essa favela de gente, fios expostos e implantes que não funcionam direito é o lugar onde iremos nos perder para resolver não apenas o primeiro caso mas outros que aparecerão enquanto estivermos nos esgueirando nessa pocilga.

Observer: System Redux é um jogo de investigação em primeira pessoa ambientado em um futuro cyberpunk decadente noir e que empresta, muito apropriadamente, um dos atores mais icônicos do gênero para viver seu protagonista, um Detetive com implantes que dão características aumentadas aos seus olhos.

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Os implantes cobram um preço.

As principais habilidades do Lazarski para investigar uma cena de crime são dois modos de visão que detectam matéria orgânica (vermelho) e equipamentos eletrônicos (verde), suficientes para escanear detalhes como implantes aumentados, manchas de sangue, arranhões, células, pele e qualquer outro material dessa natureza.

Além de reunir informação sobre pistas encontradas, Lazarski interage bem pouco com o restante do cenário que sem dúvida foi construído com uma riqueza de detalhes que impressiona. Podemos coletar fotos espalhadas pelo mapa que revelam informações sobre a equipe de desenvolvimento do jogo – inclusive sobre o ator do papel principal – alguns itens necessários para resolver quebra-cabeças e confiscar cápsulas e aplicadores de uma droga específica que precisaremos aplicar em nós mesmos de tempos em tempos, cortesia dos implantes aumentados que Lazarski possui no corpo que além de dar habilidades também o ligam ao sistema central da polícia, chamado de Matriarca.

Devorador de Sonhos

Essa pouca interação de certa maneira já é algo esperado de um jogo desse estilo que tem o foco principal na busca meticulosa de elementos do cenário que nos darão pistas mas talvez fosse mais interessante se pudéssemos ter um inventário, ainda que limitado para guardar e combinar objetos. Tudo bem, nada é perfeito.

Além do cenário labiríntico, interagimos também com alguns dos moradores que nunca saem de dentro de suas casas graças a um lockdown imposto pelas autoridades. Essas pessoas nos respondem apenas pelo comunicador instalado em suas portas e são fonte de informação para a investigação corrente ou para conseguir novos casos; esses são os momentos em que sentimos um gostinho de controlar um protagonista vivido por um ator icônico. Rutger Hauer interpreta um clichê de detetive noir ambulante: cansado, rabugento, disposto a ajudar e cheio de falhas. Uma maneira interessante de celebrar a carreira do ator que faleceu em 2019.

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Descanse em paz, Sr. Hauer.

Observer: System Redux tem falhas de usabilidade que não fazem muito sentido, especialmente se tratando do menu do jogo onde consultamos os colecionáveis obtidos, os detalhes dos casos e por onde administramos o medicamento. Ele é tão desnecessariamente poluído que embora esteja coerente com o tema do jogo, ajuda muito pouco. Também não faz muito sentido ele não estar disponível quando apertamos o botão central do controle DualSense, botão que não tem qualquer uso no jogo. O recurso que está sendo usado, muito bem, aliás, é o gatilho com feedback háptico que trava ou solta conforme uma porta está aberta ou trancada causando uma sensação bastante interessante. Uma pena que fique por aí já que não há mais muita coisa pra interagir.

A mecânica principal do jogo está relacionada ao Devorador de Sonhos, o dispositivo usado para reviver as lembranças das vítimas e reunir informações sobre a morte delas. Naturalmente é bastante simples identificar quais vítimas possuem um receptor usando a detecção de implantes cibernéticos e é aí que iniciamos a jornada pelos traumas desses mortos.

Nesses momentos, o visual de futuro cyberpunk decadente do jogo fica mais abstrato e opressivo, enfatizando a história bizarra desses personagens para finalmente dar espaço à continuidade da investigação usando os novos elementos descobertos. A parte boa é que essa experiência tem repercussões conforme avançamos no jogo, a parte não tão boa é que por mais interessante tech-psicodélico que a experiência se torne, ela também é um tanto linear e cansativa por ser longa demais. As sessões no Devorador de Sonhos duram alguns minutos e é preciso andar no “sonho” até chegar à conclusão dele e em alguns momentos é possível “morrer” para certos inimigos, o que é bem desnecessário, especialmente fora do mundo real. Essas sessões apresentam alguns quebra-cabeça simples envolvendo tanto mecânicas básicas quanto as habilidades do protagonista e podem ser divertidas ou cansativas dependendo da criatividade dos desenvolvedores.

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As coisas ficam esquisitas dentro do Devorador de Sonhos.

Descreva Apenas Coisas Boas Sobre a Sua Mãe

Observer: System Redux é um jogo visualmente impressionante – o condomínio futurista decadente é o ponto alto – que fica ainda mais interessante pela presença carismática do ator principal, e o jeito galhofa e rabugento como o Sr. Hauer nos encaminha pela história. As mecânicas de investigação são bastante divertidas e nos ajudam a participar ativamente do mistério e apesar dos trechos lineares não terem muito apelo para mim, pude aproveitar as estranhezas e as maravilhas desse universo.

A análise de Observer: System Redux foi feita graças a uma cópia digital fornecida pela assessoria de imprensa do jogo.

Diego Matias
Além dos reviews, escrevo no Riffs & Solos e faço vídeos com meu irmão no canal SuperContra. Passa lá!