Análise PAYDAY 3 (PS5)

PAYDAY 3 busca atualizar a dinâmica do jogo anterior, mas ainda tem um longo caminho a percorrer. Confira nossa análise!

Arte central de PAYDAY 3 mostrando os personagens principais

PAYDAY 3 é um jogo frenético. Em poucos segundos toda a cautela e estratégia de equipe podem desaparecer dando lugar a um cenário caótico com tiro, porrada e bomba. Mas vamos por partes…

Se você nunca ouviu falar da série, PAYDAY 3 é continuação de um dos jogos mais bem-sucedidos da geração do Xbox 360 e PlayStation 3, que sobreviveu toda a geração seguinte com um relançamento e atualizações frequentes, nos moldes de Fortnite. Assim, quando a continuação do jogo foi anunciada, criou-se uma grande expectativa da comunidade, inclusive minha, pois sempre vi com bons olhos um jogo em que o modo de roubos (heists) de GTAV podia funcionar de verdade.

Começo lento e atribulado

Logo no início, ao iniciar o jogo fui recebido por uma tela de login. Para poder jogar PAYDAY 3 é necessário criar uma conta no serviço NEBULA, da desenvolvedora do jogo Starbreeze. Passado esse pequeno inconveniente, percebi que não havia muito o que fazer a não ser concluir um tutorial ou iniciar um jogo online. Como não sou um expert em PAYDAY, joguei o tutorial rapidamente para aprender sobre as mecânicas básicas e outras avançadas e logo estava procurando uma sessão para jogar online…

A imagem mostra uma mulher oriental ao lado direito e um texto do lado esquerdo, indicando detalhes da missão.
As missões de PAYDAY 3 possuem um leve contexto e sempre são online.

Só não contava com um lançamento atrapalhado da Starbreeze que levou algumas semanas para estabilizar os serviços online do jogo, o que foi um sério problema, uma vez que PAYDAY 3 não possui modo offline. Ainda assim, aos poucos o jogo foi mostrando o verdadeiro potencial.

Avanços e melhorias

A partir do momento em que as partidas começaram a funcionar, logo percebemos que PAYDAY 3 é muito divertido. Focado apenas em sessões online e sem muita enrolação (a história do jogo é contada por meio de imagens com legendas, sem custscenes que, no meu caso, estão completamente mudas), logo estamos diante de um alvo a ser roubado, seja de maneira limpa e silenciosa ou seguindo a cartilha do caos.

Imagem mostra os personagens de Payday 3 conversando em um cais durante o dia.
A história é contada por meio de imagens com narração. Não há cutscenes.

As opções de jogabilidade voltadas para a furtividade e discrição são interessantes. Podemos andar livremente em locais públicos e mesmo sendo encontrados em uma área restrita, ainda existe uma chance de sermos escoltados para fora, sem colocar tudo a perder. Existem dispositivos eletrônicos que podem ser acionados para distrair os guardas, criando janelas de oportunidade para avanço no cenário. No entanto, a tarefa de entrar em um banco ou joalheria sem acionar o alarme, como diria Marisa Monte, não é fácil.

As partidas iniciam-se com até quatro jogadores online e eventuais lugares vagos são preenchidos com bots. A comunicação entre os jogadores é papel essencial para que essa abordagem funcione, pois os ambientes são variados e existem mais de um ou dois objetivos em cada fase, que embora sejam opcionais, vão sendo revelados à medida em que avançamos pelo cenário.

A imagem mostra uma maleta com material combustível pegando fogo e expelindo faíscas para criar um buraco no chão
Cada missão possui algumas etapas que precisam ser concluídas. Enquanto isso, o tiroteio acontece com tranqulidade.

Se, por outro lado, as coisas se complicarem, sempre existe a possibilidade de colocar a máscara e anunciar a todos o assalto. A partir desse momento, a abordagem da missão se altera. Se antes deveríamos desligar alarmes ou cortar a energia para desligar travas elétricas, por exemplo, agora a missão passa a ser explodir uma porta ou criar um buraco sobre um cofre. Tudo isso, ao mesmo tempo em que devemos enfrentar a polícia.

Tiro, porrada e bomba

O combate de tiro em primeira pessoa é bem implementado, com uma boa sensação de impacto e de avanço a cada inimigo abatido. Porém, algumas armadilhas foram colocadas no gameplay, talvez para que os jogadores não se sentissem o próprio John Wick ou algo assim.

Não é possível recarregar a arma e correr ao mesmo tempo, levando a uma incômoda desaceleração do personagem, bastante inconveniente em momentos mais frenéticos. No começo, a capacidade de munição das armas é reduzida e a toda hora precisamos recarregar, o que é também não é algo rápido e, não raras vezes libera diversos sentimentos negativos no coração de quem joga (a vontade de jogar o controle na parede é real). Embora inconvenientes, não vejo esses aspectos como defeitos, mas como mecânicas implementadas para equilibrar a dificuldade do jogo.

A imagem mostra uma refém segurada pelo pescoço em frente aos policias
PAYDAY 3 não é jogo para crianças.

Como estamos falando de um jogo para adultos, existem maneiras bastante controversas de ganhar tempo, sendo uma delas a possibilidade de usar os reféns como escudo-humano, o que nos faz ganhar algum tempo, pois os policiais buscam minimizar a morte de civis. Além das mecânicas infames, existem várias camadas de interação com o cenário, desligando alarmes, barreiras rodoviárias, esguichos d’água e outros, criando um ambiente rico para a jogabilidade.

O tiroteio é caótico e divertido, escalando de dificuldade conforme o tempo passa. Os inimigos vem em ondas, com intervalos de cerca de 30 segundos entre cada, mas a demora em completar a missão acarreta em uma onda final, sem fim, com classes de inimigos mais poderosas e difíceis de derrubar. Para contrabalancear, podemos lançar mão de uma arma especial, mais poderosa, como um lançador de granadas ou uma metralhadora de alta capacidade. No entanto, o item somente fica disponível após o preenchimento de uma barra, que avança a cada inimigo derrotado.

A imagem mostra as mãos de um personagem cortando o vidro de uma prateleira com jóias
O gameplay de PAYDAY 3 não se resume ao tiroteiro.

Por trás do gameplay

Existe uma série de itens e melhorias que podem ser desbloqueadas para auxiliar as missões, como novas armas e itens mais efetivos nos combates contra a IA.  No entanto, esses itens são caros e direcionam o jogo a um grind obrigatório para podermos ter dinheiro suficiente para desbloqueá-los. O mesmo ocorre em relação aos itens cosméticos que custam tão caro quanto novas armas. Ainda bem que o jogo é divertido e conta com sessões rápidas (cerca de 20 minutos cada), o que facilita a missão.

Também existem pontos de melhoria para, er… melhorar a performance dos personagens em cada partida. A ativação de melhorias de classe, desbloqueia efeitos passivos temporários durante o jogo, aqui chamados de EDGE, GRIT e RUSH (respectivamente: dano, armadura e velocidade).

Tela de progressão de personagem em Payday 3
PAYDAY 3 também tem progressão de peronsagens.

Como grande parte do jogo se passa durante tiroteios, cada melhoria é bem-vinda e auxilia em momentos preciosos, podendo fazer a diferença entre o sucesso e a derrota. E não se espante, pois perder é mais comum do que parece. Não é raro que falte munição ao final das partidas ou que um sniper no telhado desfira um tiro certeiro justo no momento da extração. Assim, todas as vantagens possíveis são necessárias para que a missão termine bem.

Falando em missão, o jogo claramente foi construído como uma plataforma apta a receber atualizações periódicas, pois conta com apenas 8 missões no lançamento e que, pela necessidade de repetição, tende a deixar o jogador médio entediado. No entanto, já existem planos para lançamentos da primeira DLC logo no final do ano (inverno no hemisfério norte), seguida de outras atualizações no decorrer de 2024.

Gráfico mostrando o plano de atualizações de PAYDAY 3
Atualizações previstas para o primeiro ano do jogo. Ironicamente, a primeira DLC faz alusão a bugs em um servidor.

Por fim, acrescento que a questões técnicas do jogo são competentes, com destaque à trilha sonora bem bacana. Os gráficos são bonitos, mas não foto-realistas. Alguns comandos são um pouco atrapalhados, sobretudo aqueles que compartilham o mesmo botão de ativação no controle DualSense, mas nada que impacte significantemente a diversão.

Conclusão

PAYDAY 3 é muito divertido. Após um começo atribulado, o jogo começa a mostrar seu verdadeiro potencial com partidas rápidas e de ação frenética, fornecendo ainda a possibilidade de evitar o combate por meio de intensa comunicação entre os jogadores. A ausência de um modo offline incomoda um pouco, mas percebe-se que essa nunca foi a intenção da desenvolvedora.

Com a atual facilidade de encontrar outros jogadores, PAYDAY 3 se mostra um ótimo jogo para sessões rápidas, sobretudo se você conseguir juntar outros 3 amigos para jogar. Um jogo simples mas com mecânicas sólidas e muito potencial para o futuro, sobretudo considerando o preço camarada da edição básica.

PAYDAY 3 foi desenvolvido pela Starbreeze e publicado pela Deep Silver em setembro/2023, estando disponível para as plataformas PlayStation 5, Xbox Series X|S e PC.

A análise do jogo foi feita com base em uma cópia digital de PlayStation 5 gentilmente fornecida pela assessoria de imprensa do jogo. 

Tiago Matias Escobar
Metaleiro não uniformizado. Cerveja, pizza, games e viagens ocasionais.