Análise Blacktail (Xbox Series)

Blacktail é um competente FPS de arco e flecha e chama bastante atenção pela temática, visual, direção de arte, boa gameplay e narrativa.

Se você nunca ouviu falar sobre a lenda de Baba Yaga, ou qualquer outra história do folclore eslavo, o estúdio polonês The Parasight aproveitou para contar um pouco dessa cultura em seu jogo de estreia: Blacktail.

Cabana na floresta

Aqui, somos colocados na pele da jovem Yaga que procura sua irmã Zora que sumiu na floresta. Essa informação é passada rapidamente mas pouco é explicado para o jogador. Nas primeiras horas do jogo, conversando com NPCs e lendo os glossários, descobrimos que somos órfãs e fomos recebidas por uma aldeia de forma bem diferente. Zora sempre foi uma criança bonita e carismática, e nós sempre feia e até com o rosto deformado. Até por isso, sempre usamos uma máscara para esconder tal fato, mas isso não ajuda na forma como somos tratados pelos outros aldeões.

Além de nossa irmã, algumas outras crianças estão desaparecendo ano a ano sem deixar muitas explicações.

E nesse cenário adentramos a a floresta a procura de pistas e respostas.

Belos reflexos

O jogo tem um visual, simplesmente, deslumbrante.

As escolhas artísticas, assim como a qualidade gráfica do título chamam muito a atenção, principalmente se levarmos em consideração que o primeiro trabalho do estúdio. Tive a oportunidade de jogar no Xbox Series S e rodou muito bonito, de forma fluída e sem engasgos. Um único ponto me incomodou um pouco, e sei que é besteira, mas as gotas de chuva escorrendo pela câmera, pra mim, não faz nenhum sentido em um jogo em primeira pessoa.

Mas vamos ao jogo em si. Apesar de parecer estranho, o jogo é um FPS de arco e flecha. Esse tipo de arma, que já conhecemos muito bem, impede uma gameplay extremamente frenética o que se mostrou uma escolha bastante acertada. Mas eu sempre fui acostumado a dar minhas flechadas em jogos de terceira pessoa como Horizon Zero Dawn, por exemplo. Essa diferença de perspectiva pode parecer irrelevante para algumas pessoas, mas senti uma diferença enorme.

Além do nosso arco, e dos vários tipos de flechas, também utilizamos magias e alguns outros truques como arrancada, esquiva e etc… As habilidades vão sendo desbloqueadas em um sistema comum de RPG, enquanto progredimos vamos colecionando itens e “experiências” que nos permitem desenvolver o personagem de formas diferentes.

E é justamente esse um dos pontos altos do jogo. Embora não tenho percebido que minhas escolhas mudasse de fato o rumo da história central de Blacktail, elas afetam diretamente em como se joga.

Escolhas em diálogos e em ações vão te aproximando da luz ou das trevas e disponibilizando ou bloqueando suas opções de habilidade e também em como você será tratado pelos outros personagens. É bem difícil ser totalmente “bom” ou “mau”. Em algum momento você ira matar algum animal sem querer ou negar ajuda para um NPC (que podem ser bem folgados) mas é possível procurar um equilíbrio e prever como suas escolhas irão afetar esses aspectos.

O mundo aberto, como já dito, é muito bonito. As escolhas artísticas são muito acertadas conseguindo passar o ar de fantasia que o tema pede. Por outro lado, é relativamente pequeno. Essa opção pode incomodar alguns, mas me parece outro acerto. Você não precisa andar horas e horas no meio do nada pra chegar em algum ponto. Além de que, obviamente, seria um trabalho muito mais custoso para os desenvolvedores. Em contrapartida, o sistema de salvamento apenas em alguns locais específicos vai em contramão do que estamos acostumados hoje e diversas vezes precisamos voltar bastante no progresso pois o “save” está muito atrás.

A história principal de Blacktail não é muito longa, sendo possível concluir praticamente todo o jogo em torno de 15 horas, que no meu caso, foi bem recompensador.

Apesar da temática se voltada para um público adolescente ou infantil, as questões apresentadas fazem paralelos com nossa vida real, assim como acontece em contos que conhecemos mais como Alice no País das Maravilhas ou o Mágico de Oz.

Se visualmente o jogo é um deleite, na parte sonora fica um pouco abaixo. Os efeitos sonoros são competentes, não geram uma grande imersão mas não atrapalha em nada a jogabilidade. Já a trilha sonora realmente não me chamou a atenção e tiver até que rejogar um pouco para lembrar. E é isso, apenas ok.

Vale a pena?

Blacktail é um bom trabalho da Parasight e Focus Entertaiment.

Tecnicamente é muito competente, tem uma história e ambientação envolvente, além de visuais muito bonitos. E se, por outro lado, ele é relativamente curto e pouco inovador, ainda assim recomendo que joguem, já que ele me garantiu boas horas de diversão.


O game foi nos disponibilizado gentilmente pela assessoria de imprensa e está disponível para PC, PlayStation 5 e Xbox Series S e X.