Análise Exit the Gungeon (Nintendo Switch)

Sequência de Enter the Gungeon, Exit the Gungeon muda a perspectiva e se transforma em um jogo de plataforma dos mais desafiadores.

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Exit the Gungeon é um título que mistura estilos assim como seu antecessor. É um jogo de plataforma com trechos procedurais e com desafios do estilo bullet hell, em que muitos inimigos lotam a tela inteira com ataques que o jogador precisa se virar para desviar.

Shot in the Dark

Publicado pela aclamada Devolver Digital, Exit the Gungeon segue uma premissa simples: o jogador precisa fugir de um calabouço/labirinto usando um elevador que o levará para a superfície. O jogo até possui uma história para justificar as ações do personagem na tela mas que pode ser ignorada sem qualquer prejuízo. Para fugir, o jogador conta com duas mecânicas principais, o desvio que pode ser feito ao pular ou ao descer de alguma plataforma ou executando a cambalhota popularizada no jogo anterior. Esse movimento pode ser feito lateralmente e qualquer um dos desvios deixa o jogador invulnerável durante um certo período. O desafio é aprender e aperfeiçoar a habilidade de tiro e esquiva para avançar pelas telas e vencer o chefe. Falando assim parece simples mas acredite, é mais fácil falar que fazer e graças a alguns problemas particulares do design do jogo, Exit the Gungeon pode entregar mais frustração do que promete.

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Explicações sobre o labirinto.

Hard to Handle

Começamos em uma área onde há alguns NPCs que contam o contexto por trás da fuga do calabouço e é nessa tela que iremos passar por um tutorial antes de seguir para a primeira fase. Nela enfrentamos diversos tipos de inimigos que soltam projéteis variados e como a arma que estamos usando muda quando sua munição acaba, é fundamental escolher quais inimigos vamos eliminar primeiro. O esquema da troca de armas não é essencialmente ruim e exige que estejamos sempre atentos ao nosso entorno, principalmente porque nem todas as armas são tão boas. Na verdade algumas são boas, outras são péssimas e raras são excelentes. Minha principal queixa com os controles de tiro é que não é possível travar a direção da mira, não falo de travar em um inimigo, mas de segurar a arma na posição diagonal, por exemplo, como no Blazing Chrome.

Como um dos direcionais controla a mira e ficar parado não é a melhor estratégia, correr, desviar e ajustar a direção dos tiros é bem difícil. Bem difícil mesmo. Para nosso auxílio, temos à disposição um poder capaz de dispersar os tiros da tela e até eliminar os inimigos mais fracos. Essa habilidade é limitada a algumas unidades então controlar a oportunidade e número de usos é outro fator para o jogador pesar enquanto foge e atira loucamente para os quatro cantos da tela. Uma segunda dificuldade além do não travamento da mira é que os pulos funcionam apenas como esquiva e não dá pra disparar no meio da manobra. Sabe como é magnífico pular e atirar jogando qualquer run n’ gun? Pois é, em Exit the Gungeon isso não acontece e o resultado é que perdemos segundos preciosos para a alegria das inimigas na tela. Ok, esse é um bullet hell e não um run n’ gun mas em um jogo onde já estamos em desvantagem logo de saída, seria bom contar com mais uma opção ofensiva.

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Esse é pra atirar assim que aparecer na tela. Pato maldito.

A sequência de cenários no início é sempre igual, o que é um alento pra quem não gosta de coisas aleatórias nos jogos: um trecho no elevador seguido por uma pequena sala procedural e o retorno ao elevador onde iremos enfrentar o chefe da fase após algum tempo. Eu não sei se deveria haver um contador de inimigos pra gente poder avaliar a proximidade do chefe, ou se esses trechos alternados são longos demais mas o que eu tenho absoluta certeza é que Exit the Gungeon poderia ter checkpoints em algum momento entre o primeiro elevador e o chefe, ou quem sabe a possibilidade de escolher um nível de dificuldade mais fácil porque voltar à primeira etapa depois da tela de resultado é frustrante demais e por usar geração procedural de elementos, o retorno sequer é imediato como em Hotline Miami, por exemplo.

Esses passos para trás vão contaminando a experiência de jogar o que em todos os outros aspectos tem tudo para ser excelente, a arte em pixel é maravilhosa, a jogabilidade é ágil e o design dos personagens e inimigos é bastante cativante. Temos quatro personagens à nossa disposição para jogar e as diferenças entre eles não surtem muito efeito na hora do “vamo vê”, o que também é uma pena em um jogo que merecia ter mais variedade à nossa disposição.

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Eu não tive a menor chance.

Love in the Elevator

Exit the Gungeon é um jogo com elementos que brigam entre si apesar de que tenho certeza que o que está na tela é exatamente o que foi planejado. Não se deixe enganar pelo visual carismático e pelo humor caprichado porque se você não estiver com os dedos preparados, Exit the Gungeon irá te proporcionar horas de ódio e revolta. Sinto que a dificuldade do jogo não está balanceada de forma justa e a falta de opções para enfrentar os desafios na tela acaba deixando a impressão de que estamos jogando um arcade do início dos anos 90, quando a gente pagava pra perder.

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Eu abracei a derrota.

 A análise de Exit the Gungeon foi escrita com base em uma cópia do jogo fornecida pela assessoria de imprensa da Devolver Digital.

Diego Matias
Além dos reviews, escrevo no Riffs & Solos e faço vídeos com meu irmão no canal SuperContra. Passa lá!