Análise Olija (PlayStation 4)

Olija se passa em uma terra misteriosa onde Lorde Faraday precisa se arriscar para salvar seus tripulantes após um naufrágio.

Olija

Em Olija, controlamos Lorde Faraday, um nobre que parte com seu navio em direção a águas mais distantes em busca de pesca. Tudo dá errado, o navio de Faraday afunda e ele e sua tripulação ficam perdidos em uma região chamada Terraphage, formada por várias ilhas misteriosas.

Olija me surpreendeu de verdade. A princípio parecia um jogo de plataforma em pixel retrô e quando coloquei pra rodar pela primeira vez, tive a impressão de que ele seria uma espécie de homenagem ao clássico Another World, por conta do “traço” minimalista do personagem na tela. Essa impressão durou apenas até o momento em que comecei a explorar e principalmente, quando comecei a combater usando um florete e especialmente ao colocar as mãos quadradas de Faraday no arpão mágico, principal instrumento que o acompanha pela sua aventura.

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Os inimigos iniciais em Olija.

Maravilha Artística

Simplesmente não é possível falar sobre Olija sem mencionar o estilo artístico incrível concebido por um artista: Thomas Olsson (também responsável por BackSlash), desenvolvedor na Skeleton Crew Studio (não confundir com Skeleton Crew Studios), criadora desse título que tem fortes inspirações em clássicos como o já citado Another World, Prince of Persia (o original e lendário) e, de uma maneira estranha, Pitfall, o clássico da Activision. Apesar da descrição do jogo na PlayStation Store apresentá-lo como tendo gráficos estilo 16-bits, o visual de Olija é muito mais básico que isso com figuras mais simplórias porém perfeitamente coerentes com o mundo criado e assustadoramente críveis, fazendo com que em pouco mais de meia hora de jogo, seja possível enxergar aqueles quadrados com total clareza e até certa personalidade, especialmente nos NPCs como os marinheiros e a enigmática Lady Olija.

A jogabilidade faz um contraste excelente com a simplicidade dos gráficos e permite que a gente explore o ambiente com bastante facilidade e fluidez, ainda mais quando obtemos o arpão lendário que permite um deslocamento super rápido entre determinados pontos do cenário onde ele pode ser fixado.

Conforme Faraday avança, obtém novas armas, começando pelo florete, uma espada estreita que deve medir uns 5 pixels mas que é capaz de salvar a pele do jogador com combos rápidos. Faraday é exímio esgrimista. Haverão outras armas secundárias mas não muito depois de obter o florete, encontramos o arpão lendário e aí a aventura começa de verdade, pois os cenários se tornam mais complexos e desafiantes, exigindo que o jogador faça uso da habilidade de locomoção do arpão para acessar áreas secretas ou simplesmente, progredir no jogo. Ao ver o efeito que a movimentação usando o arpão causa na tela, eu percebi que esse não seria um jogo de plataforma simplório como os gráficos denotavam. Ponto positivo para a Skeleton Crew e Devolver – sempre ela – que entregaram um jogo bastante único.

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Olija sabe como criar cenários incríveis.

Menos é Mais

Olija ainda possui um mini sistema de base em que, em vez de dar ordens e designar tarefas, Faraday simplesmente aproveita os serviços prestados pelos seus tripulantes resgatados que agora habitam o porto de Marvalho. Lá podemos melhorar nossa barra de vida, obter itens aleatórios conseguidos por um navegador mercante mediante pagamento adiantado e fabricar e equipar chapéus especiais que conferem habilidades especiais a Faraday e seus equipamentos, como maior velocidade nos combos, eletricidade nos ataques, invulnerabilidade a certos elementos e etc.

Como o mundo se divide em ilhas (me lembra muito o mapa de Donkey Kong 3), essa dinâmica de navegar e retornar a Marvalho ou a outros lugares do mapa pode ser um pouquinho tediosa e bem que poderia ser resolvida com uma viagem rápida, mas honestamente, isso não é sequer relevante perto das coisas que o jogo faz direito, especialmente a jogabilidade e o modo como a história é apresentada.

Olija possui diálogos gravados com vozes que parecem estar no idioma japonês (a desenvolvedora é localizada no Japão) mas nada é dito de maneira nítida, lembrando muito as vocalizações que ouvimos em Shadow of The Colossus. Essa história é contada de maneira mínima com um narrador que surge em momentos específicos e telas com títulos que lembram filmes antigos. Mesmo os monólogos de alguns personagens são curtos, sem qualquer excesso. Essa decisão, junto com o design de som impecável – jogue com fones de ouvido – dão uma atmosfera única a Olija, fazendo a gente se interessar por essa aventura misteriosa.

Olija é uma grata surpresa vinda da sempre competente Devolver Digital. Um jogo de aventura agradável que deve colocar a Skeleton Crew e Thomas Olsson no radar dos entusiastas por jogos de ação, exploração e combate. Recomendo muito.

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Cenas dramáticas feitas com poucos pixels.

A análise de Olija foi escrita com base em uma cópia de PlayStation 4 gentilmente cedida pela assessoria de imprensa do jogo.

Diego Matias
Além dos reviews, escrevo no Riffs & Solos e faço vídeos com meu irmão no canal SuperContra. Passa lá!