Análise Resident Evil Resistance (PlayStation 4)

Resident Evil Resistance é um jogo multiplayer assimétrico, complementar ao Resident Evil 3, em que sobreviventes precisam fugir enquanto o jogador adversário controla monstros.

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A essa altura, você já deve ter lido a análise que publicamos sobre Resident Evil 3 e sabe que, diferentemente do RE2 do ano passado, a aventura de Jill Valentine e Carlos Oliveira é contada em apenas uma campanha. No lugar de uma segunda jornada com outro protagonista, temos um jogo complementar (baixado e instalado em separado) que serve como modo multiplayer para Resident Evil 3 e a ideia do Resistance é que quatro sobreviventes precisam fugir de um labirinto onde serão atacados por monstros e armadilhas orquestradas por um quinto jogador, chamado de Mastermind. Uma ideia bastante interessante e divertido mas que contém algumas falhas corrigíveis, espero.

The Camera Eye

A cutscene da entrada que a gente precisa pular toda vez que inicia o jogo já deveria servir de aviso sobre algumas decisões que fatalmente precisarão ser revistas sob pena de simplesmente aborrecer os jogadores. Passada a introdução, temos alguns tutoriais e podemos ingressar numa partida rápida ou customizada e aí deveremos escolher entre o papel de sobrevivente ou Mastermind, no termo original (Vilão, na tradução).

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Cada personagem usa habilidades específicas.

Cada partida coloca os sobreviventes em um labirinto temático que pode ser um cassino, um laboratório, um depósito com itens espalhados para serem encontrados pelos jogadores. Alguns são apenas bônus como dinheiro e outros obrigatórios para escapar para a fase seguinte. No cenário mais comum, corremos pelas várias salas do cassino procurando por três itens específicos que serviriam para abrir a porta de saída do lugar e como os cenários são entulhados de detalhes, praticamente labirintos compostos por corredores estreitos, entram em cena as habilidades de cada personagem, três moças e três rapazes no total que lembram muito a turma do Scooby-Doo.

Por exemplo, uma das personagens, Valerie, tem a habilidade de escanear o cenário para encontrar itens de interesse, enquanto outra, January, é especialista em eletrônicos e pode interromper o monitoramento do Mastermind temporariamente, um dos rapazes, Tyrone, é capaz de derrubar os inimigos com um chute que pode interromper ataques dos zumbis e outros monstros e uma escapada de sucesso vai depender do balanceamento das habilidades dos jogadores que precisam cooperar muito para derrotar os adversários plantado no cenário pelo jogador adversário que por sua vez tem acesso a todos os cômodos do labirinto e pode posicionar armadilhas, zumbis, cachorros ou um super monstro, sendo William Birkin o primeiro uma vez que começamos jogando com a esposa dele e só teremos outro personagem após subir de ranking.

Controlar câmeras e posicionar monstros pode parecer algo simples mas o jogador que estiver contra os sobreviventes pode ficar em clara desvantagem caso não planeje bem os ataques e não proteja pontos de interesse sendo que é muito mais difícil atacar um time organizado ainda que separado pelo mapa. Conhecer o layout do labirinto é crucial.

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O tempo não pára!

2×4

Ainda que a dinâmica seja divertida e dê longevidade extra ao pacote completo de Resident Evil 3, Resistance ainda tem problemas básicos de apresentação fazendo quase o oposto do que RE3 faz com o HUD (conjunto de informações dispostas na tela). Enquanto a aventura da Jill possui apenas um menu simples e eficiente, a tela do jogo em Resistance é poluída com informações e ícones que a despeito de serem relevantes, ocupam espaço demais pra um jogo em que é preciso procurar por itens no cenário.

A detecção da colisão dos golpes com paus e tacos de baseball é um pouco imprecisa já que não há sistema de trava de mira mas dá pra perceber uma pequena demora no registro dos acertos até mesmo dos disparos com pistola e outras armas, culpa do infame netcode (sistema de registro de comandos em jogos online). Esses problemas deixam o jogo um pouco truncado, dando para o sobrevivente uma incerteza sobre a validade dos seus golpes. Pelo menos não há atraso na hora de usar itens de cura.

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Tem coisa demais atrapalhando a tela do jogo.

Outra questão é a população das partidas (matchmaking). O Conversa de Sofá recebeu o jogo alguns dias antes do lançamento oficial e essa análise precisou aguardar o jogo ser lançado para que mais jogadores entrassem nas partidas, e ainda após o dia 03 de abril jogar partidas como o Vilão demoravam um tempo excessivo até encontrar sobreviventes, um problema que pode enterrar qualquer multiplayer assimétrico, ainda mais que Resistance não usa os heróis da franquia como personagens jogáveis (Jill Valentine foi anunciada no site do jogo como jogável a partir do dia 17 de abril).

Resident Evil 3 pode ser considerado um jogo curto para algumas pessoas que veem o modo multiplayer como uma desculpa para vender o jogo pelo preço cheio de um lançamento. Eu penso que esse modo é um extra, um bônus que pode servir como um campo para experimentação com a fórmula e a engine apesar do claro movimento da Capcom na direção dos jogos como serviço e, claro, lootboxes e ainda assim Resistance precisa melhorar um bocado para estar à altura como componente multiplayer dos remakes de Resident Evil. Resta aguardar que ele seja atualizado e cuidado com o mesmo esmero que a Capcom tem dispensado aos seus outros jogos.

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Alguns inimigos ocupam espaço demais na tela.

A análise de Resident Evil Resistance foi feita a partir de uma cópia do jogo fornecida pela assessoria de imprensa da Capcom.

Diego Matias
Além dos reviews, escrevo no Riffs & Solos e faço vídeos com meu irmão no canal SuperContra. Passa lá!