Análise The Gardens Between (Xbox One)

The Gardens Between é uma jornada nostálgica envolvendo a amizade de Frendt e Arina em um jogo de quebra-cabeças com manipulação de tempo.

The Gardens Between me conquistou logo no menu inicial onde pude observar um dia chuvoso com relâmpagos, duas casas, uma casa da árvore ao fundo e um trem passando rapidamente gerando uma leve sensação leve e prazerosa que eu podia ficar por minutos observando a acolhedora tela de menu ao invés de apertar o Start.

Mas deixando de lado essa sensação boa e agradável, o game nos faz voltar para o final dos anos 80, onde duas crianças chamadas Arina e Frendt estão brincando em sua casa na árvore. A chuva está caindo e os sons dos trens chegam ao início da noite. De repente, uma bola de luz aparece. Ao tocá-la, Frendt e Arina são transportados para um mundo mágico junto com parte de sua casa na árvore, levados para as margens da pequena ilha, uma montanha na frente deles e sem nenhuma maneira de escapar a menos que completem os quebra-cabeças da montanha.

O game desenvolvido pela The Voxel Agents é bastante simples: usamos apenas o analógico para movimentar os personagens para frente e para trás. Não só eles que estão sendo movidos, mas o próprio tempo está se movendo para trás e para frente, dependendo de quanto tempo eu mantenho pressionado o analógico do controle. A ilha se moverá, junto com os personagens, conforme o tempo passa, com pouco controle dos próprios personagens. Além de voltar e avançar, o único botão usado, o “A” no Xbox One, é o que decide se eu desejo ou não interagir com os itens ao meu redor.

The Gardens Between envolve laços de amizade e cooperação para vencer desafios.

Faça de tudo para obter o orbe de luz…

Cada quebra-cabeça envolve chegar ao topo da montanha com um orbe de luz semelhante ao que o transportou a este mundo. Mas não é tão simples como subir a montanha, pois inúmeros itens bloquearão seu caminho, e você terá que encontrar os momentos certos para decidir onde e como interagir com o ambiente.

O jogo em si, se você souber exatamente o que está fazendo, pode ser jogado em cerca de uma hora. Mas poucos conseguirão isso. A maioria dos quebra-cabeças em si são auto explicativos, mas pelo menos uma vez em cada ilha, houve um ponto em que eu olhava fixamente para a tela e realmente não sabia o que fazer e acabava soltando alguns palavrões. Não importa o quão relaxante era a música do jogo, nada me impedia de reclamar por não conseguir desvendar o mistério de determinados quebra-cabeças, mas bastava alguns minutos, uma respiração funda e um foco maior no jogo e tudo se resolvia, ufa…

A música é incrivelmente relaxante. Com batidas eletrônicas suaves que você ouviria se estivesse estudando para uma prova, ela nunca ganha intensidade. É agradável e se encaixa perfeitamente no tom do jogo. O mesmo pode ser dito dos gráficos.

Só é possível avançar em The Gardens Between resolvendo quebra-cabeças para obter o orbe de luz até o portal.

Quebra-cabeças encantadores…

Experimentar os personagens e a maneira como eles interagem com o ambiente, em seus controles limitados, é o que importa. O jogo pede que você faça mais do que resolver quebra-cabeças e jogar com o tempo, ele acena para você fazer uma pausa e apreciar a beleza do ambiente.

As ilhas são sedutoras e cheias de itens da vida dos personagens no mundo real. Eu tinha duas ilhas favoritas. Um deles incluía videogames em uma velha TV em cores de definição padrão, “um jogo dentro de um jogo”. Como parte do jogo, seu objetivo é colocar o personagem na TV para ajudar a orbe de luz a sair da TV e entrar no mundo do personagem. E isso foi extremamente encantador.

Outra envolve montar e desmontar um esqueleto de dinossauro que abraça a ilha. Conforme me movia para trás e para frente no tempo, colocando os ossos nos lugares certos, usando-os como pontes para me mover, senti uma satisfação agradável. Foi trabalhoso, porém muito inteligente.

Um dos pontos mais altos do jogo é a ilha do vídeo-game, é simplesmente fantástico resolver esse quebra-cabeças.

É como comer algodão doce…

Com um designs simples, mas que cumprem bem a proposta do game, os personagens têm um toque de desenho animado e mantém uma sintonia perfeita entre Frendt e Arina.

Ao completar uma certa quantidade de quebra-cabeças do jogo, você verá como todos os itens com os quais jogou enquanto escalava a montanha, na verdade fazem parte da vida das crianças no mundo real, seja um esqueleto de dinossauro, uma velha TV ou um “Walkman” e fones de ouvido. É como voltar no tempo.

Como a maioria dos bons jogos indie, conforme eu progredia, tinha a sensação de que era mais um game orgânico, onde a alma dos desenvolvedores foram inseridas neste projeto embora não tenha nenhum diálogo real, observar a maneira como os personagens silenciosamente “falam” e sinalizam uns para os outros é encantador. Vou repetir e dizer que os criadores colocaram muito coração no jogo.

Ao final de cada ilha, temos um vislumbre da amizade entre Frendt e Arina onde ambos jogam vídeo-game.

Aquela gostosa sensação de resolver um puzzle!

The Gardens Between não é um jogo perfeito, em primeiro lugar é bastante curto (confesso que senti um gostinho de quero mais). O outro problema é que, às vezes, pode começar a ficar um pouco repetitivo mesmo que as ilhas não sejam iguais. Na verdade, eles são todos únicos, uns dos outros, mas andar em círculos e ter pouco controle direto sobre um personagem pode, às vezes passar uma sensação limitada. É sempre bonito de se ver, mas às vezes não é tão divertido quanto eu gostaria que fosse.

Os quebra-cabeças, embora não sejam difíceis, podem ocasionalmente ser irritantes. No entanto, a maioria deles, como qualquer bom jogo de quebra-cabeça, acaba gerando aquele momento “AHA, CONSEGUI!”. Alguns deles dependiam de uma precisão perfeita, já outros exigiam mais o seu raciocínio, atenção para pequenos detalhes e paciência.

Um jogo dentro de um jogo? Sim, e resolver esse quebra-cabeças é melhor ainda!

Conclusão

The Gardens Between é um game interessante para os amantes das “aventuras de quebra-cabeça” e provavelmente não ficarão desapontadas ao joga-lo. Mas as pessoas que são mais voltadas para a ação podem achar o jogo entediante e desistir logo nos minutos iniciais. É aquilo, ou você vai amar ou odiar.

É o tipo de jogo que posso considerar uma obra de arte, tendo em vista a ideia do que se pretendia e apreciá-lo por isso. Mesmo que o jogo não conte uma história, é possível se emocionar, pois o game nos mostra a todo momento como a ajuda e cooperação podem mudar nossas vidas, lições de ter e manter verdadeiras amizades e o ponto mais profundo que são as perdas, que por mais simples que o jogo possa ser, ele carrega e transmite toda essa sensação até o momento em que você finaliza o jogo, os créditos começam a subir com uma musica bem calma, e é aí que você para, volta para o mundo real e reflete o quão profundo é The Gardens Between.

Caso tenha sentido vontade de experimentar o jogo, The Gardens Between pode ser encontrado no PC, Nintendo Switch, PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series X|S e Google Play.