Análise Ultimate Marvel vs Capcom 3 (PS4)

Para antecipar o lançamento de Marvel vs Capcom: Infinite, a Capcom relançou o jogo Ultimate Marvel vs Capcom 3 para a nova geração, jogamos e analisamos a versão de PlayStation 4 do jogo que reúne os melhores heróis das duas gigantes.

A Capcom é lendária. Foi a responsável por inúmeros jogos inspirados nos personagens da Disney desde os 8 bits. Em 1994, a empresa lançou dois jogos com os X-Men: Mutant Apocalypse, pra SNES e o seminal Children of the Atom pra Arcade e como os fliperamas eram dominados pelos jogos da SNK, o lindíssimo jogo de luta dos mutantes abriu as portas pra adaptação do arco Desafio Infinito em formato de jogo de luta: nascia o primeiro jogo de luta com personagens Marvel, o inesquecível Marvel Super Heroes.

Ter a maior franquia de luta dos videogames e um dos grandes beat ’em ups da época sob o seu nome foi suficiente pra que a Marvel começasse a encomendar jogos inspirados em seus heróis para o Super Nintendo – a despeito da parceria muito bem sucedida com a Konami (outra gigante em jogos baseados em franquias) nos arcades.

Foi só somar 2 com 2 e em 1998, já tendo desenvolvido X-Men vs Street Fighter e Marvel Super Heroes vs Street Fighter, os Arcades receberam Marvel vs Capcom: título mais amplo pra abarcar quem quer que fosse sob que estivesse sob ambas as marcas, de Mega Man a Galactus.

Selva de epiléticos

Onze anos após o segundo título, a Capcom lançou Marvel vs Capcom 3: Fate of Two Worlds nos consoles da 7ª geração e dessa vez o título que estava insistindo nos personagens desenhados, abraçou os gráficos 3D e com eles, vieram as drogas pesadas os efeitos e animações super coloridos para dar ênfase nos poderes dos heróis.

A versão que joguei – Ultimate Marvel vs Capcom 3 – é a versão definitiva lançada esse ano pros novos consoles, devidamente refeita em 1080p e rodando a 60 frames por segundo, ou seja: mais rápido, mais colorido e mais vibrante, sendo essa a principal qualidade. Toda essa informação na tela pode não agradar a todos mas no fim das contas é justo que um jogo procure se destacar por uma direção artística clara. Quem gosta cai dentro e quem não curte, bem, não pode dizer que não foi avisado.

Sobre a jogabilidade, Ultimate Marvel vs Capcom 3 parece estar voltado pra jogadores mais casuais já que seus controles acessíveis – não há separação entre botões de chute ou soco – são ideais pra que crianças se sintam à vontade com o jogo. No fim das contas, qualquer pessoa sem muita afinidade com videogames poderá aprender a jogar e se divertir.

Ilustres Desconhecidos

Apesar de eu não estar no grupo que gosta de ver todas aquelas cores enlouquecidas, não é esse o calcanhar de aquiles do título e sim o abismo que separa os personagens menos desconhecidos da Marvel dos da Capcom. Mesmo o jogador mais casual do mundo reconheceria pelo menos metade dos personagens no lado da Marvel graças aos filmes – oras, não acabamos de conhecer Dormammu no filme do Dr. Estranho? – e além disso, é muito natural que esses heróis e vilões sejam protagonistas e se enfrentem em um jogo de luta e infelizmente essa naturalidade não inclui todos os personagens da Capcom.

Se colocar o Mega Man num combate contra o Ryu já é algo difícil de conceber, já que o robô azul não é um personagem que dá socos nos seus títulos originais como os protagonistas de Final Fight ou Captain Commando; quando Zero, o personagem surgido no Mega Man X, se junta ao Chris Redfield e ao Frank West (Dead Rising), ou Phoenix Wright pra lutar contra Hulk, Homem de Ferro e Wolverine, nada mais faz sentido e você acaba por diminuir os personagens da Marvel. Essa salada de personagens de luta, beat ‘em up, survival horror e plataforma da Capcom é o grande vilão desse lançamento e, por que não, da franquia Marvel vs Capcom.

E por falar em grande vilão, o modo Arcade tem uma campanha bem simples e legal, com lutas em sequência até chegar a vez de enfrentar Galactus, o “apelão” – imagine aqui, Jill Valentine lutando contra o engolidor de mundos. Similar ao que a Capcom fez com Apocalypse, o chefe final de X-Men vs Street Fighter, o gigante Galactus ocupa metade da tela mas só da cintura pra cima. O suficiente pra usar todo tipo de truque sujo pra cima da gente. A luta acontece em duas etapas: na primeira parte você irá enfrentar 2 personagens que lutam juntos contra você ao mesmo tempo. Você precisa estar ligado em ambos e derrotá-los para que, na segunda metade, encarar o gigante “apelão”. Isso mesmo, a Capcom fez sua própria versão de Ornstein & Smaugh em um jogo de luta: a gente morre incontáveis vezes até aprender as manhas da luta e enfim derrotar Galactus.

Outro modo possível de jogar Offline é o conjunto de estágios chamado Heroes & Heralds. Imagine um tabuleiro com territórios em forma de hexágonos lado a lado em que você precisa vencer cerca de 10 partidas para controlar determinado território e conforme você se aproxima de atingir 100% de controle, mais difíceis serão as lutas e como não poderia deixar de ser, já que estamos na geração das cartinhas, no modo Heroes & Heralds você ganha cartas que modificam alguns atributos durante a luta como fazer a barra de especial aumentar mais rápido, desaparecer ao se aproximar do oponente, defesa automática e outros. Equipar as cartas certas na hora das lutas pode ser de grande vantagem, principalmente contra oponentes muito fortes como o Hulk ou a Sentinela.

Uma coisa bem legal sobre os personagens é a possibilidade de modificar suas skins. Na tela de seleção, você pode trocar a aparência do lutador apertando os gatilhos (L1 ou R1, no Ps4) e escolher entre cerca de 5 cores diferentes mais um uniforme alternativo – o do Wolverine é ele nu como na revista Arma X, o do Hulk é ele como o gladiador do Planeta Hulk. No entanto um deslize besta faz com que seja preciso confirmar sua seleção antes de ver a roupa, o que resulta em um vai e vem de “seleciona, volta, troca roupa, seleciona, volta, troca roupa, seleciona, volta, seleciona, agora sim” que não existiria caso fosse possível ver a aparência antes não é mesmo, Capcom?

Veredito

Eu, pessoalmente, não acho que a Capcom fez um bom negócio colocando personagens de franquias tão distintas pra competir num jogo de luta com heróis tão consagrados como os da Marvel, mas esse aspecto não é culpa apenas desse título; vem desde o primeiro jogo da franquia. Embora esse seja o exato oposto do meu game de luta preferido (o maravilhoso Mortal Kombat 9), uma vez que eu consegui jogar contra um oponente sentado ao meu lado, no mesmo sofá a experiência que antes era bem sem sentido e excessivamente colorida, se transformou em algo mais divertido e eu finalmente deixei de lado as implicâncias que tive com suas escolhas artísticas e de personagens pra focar no que importa: a competição entre os jogadores.

Ultimate Marvel vs Capcom 3 não vai mudar a vida de ninguém e muito menos chacoalhar a indústria como Street Fighter IV fez mas existe um brilho (muito brilho) especial nesse jogo e ele surge no momento em que nos entrega nostalgia e diversão com os amigos. Estamos diante de um dos reis dos arcades e o nosso “eu” do passado não espera nada além disso.

Ultimate Marvel vs Capcom 3 foi lançado até o momento apenas no PlayStation 4. Análise feita a partir de uma cópia da versão PS4 cedida pela assessoria de imprensa da Capcom.

Diego Matias
Além dos reviews, escrevo no Riffs & Solos e faço vídeos com meu irmão no canal SuperContra. Passa lá!