O que esperar do Nintendo Switch?

Será o novo console da Nintendo o responsável pelo retorno da empresa japonesa de volta ao mercado de consoles em condições de competir com a Sony e Microsoft? A Nintendo está insistindo no erro ou, mais uma vez, está ditando a tendência para o futuro do mercado?

Há pouco mais de uma semana (ou duas), no dia 20 de outubro, a Nintendo revelou ao mundo a verdadeira cara do projeto NX, e como era de se esperar, a notícia chegou como uma avalanche, monopolizando o assunto em todos os sites, vídeos, portais e podcasts voltados para o entretenimento eletrônico.

Você provavelmente já sabe disso, mas Nintendo já foi sinônimo de games. Sim, da mesma forma que se diz “durex” para fita adesiva, “xerox” para fotocópia, “ter um Nintendo” significava o mesmo que ter um console em casa.

A empresa japonesa praticamente moldou o mercado de games após a quebra da indústria americana em 1983 com o lançamento do NES e permaneceu no topo da indústria durante grande parte dos anos 90 e meados da década seguinte, sempre ditando tendências e apontando em direções que outras empresas nunca tinham imaginado.

É nesse contexto que, após o fracasso do Wii U, a “Big N” anuncia o Switch – um aparelho híbrido entre console de mesa e portátil, com controles destacáveis e capaz de rodar jogos que exigem muito mais processamento do que os mobiles atuais da sua própria linha DS e o Playstation Vita.

Mas o que o Switch pode significar para a indústria?

Sabemos que mesmo traçando o seu próprio caminho, bem distinto das demais fabricantes, a Nintendo tem um enorme poder de influência, sobretudo por que consegue atingir o quase impenetrável nicho dos jogadores casuais, aqueles que não comprariam um PC gamer, um Playstation 4, nem um Xbox One, mas que foram responsáveis pelos mais de 100 milhões de Wii vendidos.

Switch e o controle doguito.
Switch e o controle “doguito”

Nesse aspecto, é visível o passo dado pela Nintendo na direção de borrar cada vez mais a linha que separa o jogador casual do jogador hardcore (aquele que passa 8 horas sentado à frente da TV, jogando The Witcher 3, por exemplo),  jogando pro espaço a diferença entre aparelhos móveis e consoles tradicionais.

Veja, por exemplo, que The Legend Of Zelda – Breath Of The Wild é o principal game associado ao novo console, com seu gameplay abrindo o vídeo de anúncio do Nintendo Swicth. Por mais que existam outros “Zeldas” nos portáteis da Nintendo, não se pode dizer que a franquia é voltada para o jogador casual.  Por outro lado, nós todos vimos o ator do vídeo levando o aparelho pra todo canto e jogando enquanto espera seu vôo no aeroporto. Esse conceito apresentado pela Nintendo, é próprio dos jogos casuais, voltados para a diversão rápida, “on the go”, sem muito tempo para desenvolvimento de tramas complexas, como é o atual padrão dos games atuais.

Casual? Acho que não.
Casual? Acho que não!

Também não podemos perder de vista que a Nintendo é uma empresa japonesa e lá no país das próximas olimpíadas, o mercado de games mobile é muito maior do que o de consoles de mesa, que está em declínio há algum tempo.

Assim, enquanto a Nintendo mantém vendas satisfatórias de aparelhos móveis dentro do Japão, não consegue repetir a façanha de vendas do Wii em lugar algum, e viu-se em um impasse quando o Wii U foi um fracasso em comparação com os demais consoles. Resumindo, quando a Nintendo lança mobile, atende seu maior mercado que é o Japão, mas quando lançou o Wii U (um console de formato bem mais tradicional do que o Wii), não vendeu bem em lugar nenhum. Foi desse dilema que nasceu o Switch.

Além disso existe um outro ponto a ser considerado: inovação!

Amigos, a Nintendo não é uma empresa qualquer. Se você olhar bem pro Wii U, vai perceber que ele mesmo foi um pequeno passo na direção da mobilidade com seu controle-tela e, embora não tenha sido um acerto comercial por diversos motivos, mais uma vez a Nintendo mostrou que não quer percorrer o caminho já traçado por outras empresas (ironicamente, o modelo atual de consoles é o mesmo desde o NES/SNES). Ao invés de abraçar o modelo tradicional de consoles de mesa, a Nintendo aposta em um hibrido e ignora solenemente a moda da vez, o VR.

Isso não significa necessariamente que a Nintendo não vá abraçar a realidade virtual em algum momento da vida útil do Switch, mas ela parece mais focada em apresentar uma solução para o entretenimento eletrônico no século XXI, onde nosso tempo e cada vez mais escasso, tanto na vida adulta quanto dos jovens, cada vez mais pilhados com estudo.

Esse controle é lindo <3
Esse controle é lindo! <3

Ao mesmo tempo, a Nintendo percebe que os consumidores não querem ficar restritos aos títulos por ela desenvolvidos (o que, de certa forma, acabava excluindo-os do restante da indústria) e anuncia uma grande parceria com desenvolvedoras “third parties”, apontando para um futuro de maior onde poderemos encontrar uma gama maior de títulos em um console da Nintendo, como nos velhos tempos.

Sem contar a aposta da empresa na tendência (agora mais pra realidade) atual de jogos competitivos, voltados para e-sports (que tal Overwatch em uma plataforma da Nintendo?).

Agora vai?
Agora vai?

Também podemos esperar uma maior aproximação com a mídia digital, já que foi mostrado que o Switch vai usar cartões físicos, bem parecidos com os do Playstation Vita, o que imagino não são capazes de armazenar os dados de Skyrim, por exemplo.

Dito tudo isso, podemos perceber que a Nintendo tem coragem suficiente para não desistir de inovar, mesmo que isso signifique andar na contra-mão do resto da indústria (de novo eu estou falando de você, VR), pois já sabemos que o mais provável é que as demais empresas adotem as inovações da Big N, como já ocorreu com o PS Move e Kinect, da Sony e Microsoft, respectivamente, do que o contrário. Digo mais: caso o Switch seja lançado com um preço camarada e concretize as pretensões da Nintendo, o console será uma séria ameaça às vendas do Playstation 4 Pro e Microsoft Scorpio que poderão perder o investimento dos consumidores que já entraram na 8ª Geração de consoles.

Eu já planejo o Nintendo Switch como meu segundo console. E você?

Tiago Matias Escobar
Metaleiro não uniformizado. Cerveja, pizza, games e viagens ocasionais.