O rock’n roll e sua influência nos jogos

Desde a década de 90 os desenvolvedores utilização o rock’n roll, seja como inspiração temática ou ainda para que a trilha sonora do jogo acompanhe o ritmo do que estamos vendo na tela. Conheça alguns jogos clássicos que exemplificam bem essa abordagem.

Ah, o rock’n’roll.

Eu poderia dizer que pra mim, é o melhor estilo musical já criado. Mas isso não seria justo. Afinal, o rock’n’roll é na verdade, um estilo de vida; um contraponto ao modelo de vida tedioso e cheio de regras, estabelecido nos anos 1950 nos EUA que até hoje reverbera na nossa sociedade. Mas isso é assunto pra outro texto, afinal estamos aqui porque gostamos de games, não é mesmo?

O vídeo game sempre abraçou os mais diversos estilos culturais pra entregar uma experiência completa para o jogador. Assim como no cinema, tudo é colocado no lugar certo (imagens, sons, direção de arte, movimentos dos personagens), em um pacote onde o desenvolvedor vai poder se expressar da melhor forma possível, seja lá qual for o objetivo final.

É nesse contexto que alguns jogos entraram nas nossas casas e consoles (PC alguém?) e trouxeram, além de muita diversão, uma trilha sonora matadora e, sem que nossos pais soubessem, já estávamos aos poucos sendo introduzidos no maravilhoso universo dos solos de guitarra e mortes por overdose (ops).

Seguem abaixo alguns exemplos de games clássicos com trilhas sonoras totalmente rock n’ roll, além de um digno representante atual. Aliás, a lista não possui qualquer ordem de preferência ou de pior/melhor.

Metal Warriors (Lucas Arts/Konami, 1995)

Metal Warriors

Você é Lt. Stone (nome padrão, mas pode ser personalizado), e pilota um robô gigante nesse game fodástico que emula um anime apresentando uma batalha das Defesas da Terra contra as forças do Dark Axis. Além de ser um game primoroso, a trilha sonora dele é o mais puro heavy metal enlouquecido em 16 bits.

Esse é provavelmente o melhor exemplo de como a trilha desse game é frenética! Solos de teclado, bumbo duplo, baixo estalado, etc. Tudo pra agradar qualquer fã de speed metal (mesmo o fã tenha apenas 9 anos e nem saiba que gosta de heavy metal).

Mega Man X (Capcom, 1993)

Mega Man X

Eu não vou negar que tenho um problema com esse game. Não é nada grave, mas eu não tinha o cartucho quando era criança, então sempre que eu jogava era por que havia emprestado de alguém e precisava devolver, geralmente na segunda-feira. Ou seja: nunca finalizei Mega Man X.

Mas isso não me impediu de curtir a empolgante trilha sonora japonesa, que bebe na fonte do heavy metal melódico, também dos anos 80 (estilo que japoneses adoram até hoje). Dessa vez, sai de cena o teclado dando lugar a solos de guitarra, o que garante dezenas de vídeos cover no YouTube.

Interessante notar que esses dois games traziam o heavy metal como trilha especificamente para sincronizar o som do jogo com tudo que víamos na tela e o gameplay frenético, próprio de jogos de ação. Tiros, explosões, robôs (gigantes ou não), não combinariam com outro estilo musical.

Atualmente, jogos de ação trazem campanhas maiores e, dependendo do momento apresentado pelo enredo (esse elemento que parecem estar com os dias contados), a trilha tende a ser mais intensa. Contudo eu percebo uma tendência para temas orquestrados, deixando o combo baixo-guitarra-bateria de fora da brincadeira.

Voltando ao nosso tema, o próximo game traz uma pegada mais clássica.

Biker Mice From Mars (1994, Konami)

Biker Mice From Mars

Os desenvolvedores deveriam saber: no momento em que colocaram corrida e violência no mesmo game, um novo monstro estava sendo criado. Foi assim com Road Rash, foi assim com Super Mario Kart e foi assim com Biker Mice From Mars.

Usando uma mistura da fórmula de Super Mario Kart (alguns itens são exatamente os mesmos) com Rock n’ Roll Racing, Biker Mice From Mars trouxe um dos melhores gameplays que eu já pude experimentar no SNES. Sério mesmo! A partir do momento em que a barreira da visão isométrica era ultrapassada (era bem difícil de se acostumar), você tinha nas mãos um game com potencial de diversão por anos a fio, sobretudo por que dava suporte para 02 jogadores.

No contexto do Rock n’ Roll, o desenho animado que deu origem ao game já trazia uma forte carga simbólica ligada ao estilo, afinal estamos falando de camundongos fortões que pilotam motos e atiram em alienígenas por aí.

Fora isso, o tema de abertura do cartoon trazia uma música cantada por Jeff Scott Soto, ícone do hard rock dos anos 80. Não poderia ser diferente no game, que em sua trilha tinha uma temas voltados para o hard rock, heavy metal, speed metal e por aí.

Que tal? Era muito bom mesmo e se você nunca jogou, eu recomendo fortemente. Quase chegando ao final dessa singela lista, não posso deixar de fora um game que é uma verdadeira ode ao heavy metal.

Brutal Legends (Double Fine/Eletronic Arts, 2009)

Brutal Legends

“O que você vai ver agora não vai explodir a sua cabeça. Vai explodir a sua alma”

Não satisfeito com levar suas influências de heavy metal pro cinema, Jack Black resolveu entrar no mundo dos games, com Brutal Legend (não encontrei o sinal de trema no teclado, mas tudo bem).

Desenvolvido pela Double Fine, Brutal Legende é protagonizado por Jack Black, na persona do Roadie Eddie Riggs (alô, Iron Maiden), que é transportado para uma dimensão onde todo o folclore relacionado ao metal é verdadeiro. Tudo isso para entregar um jogo com uma trilha sonora matadora, capaz de colocar um sorriso no rosto de qualquer gamer que goste de heavy metal, afinal jogar ao som de Children Of The Grave não é pouca coisa.

Brutal Legend é uma verdadeira homenagem ao heavy metal, tendo mais de 100 músicas dentro do estilo, com bandas como Black Sabbath, Kiss, Motorhead, Judas Priest e Mastodon.

(Cá entre nós, eu não gostei muito do jogo. Mas, isso não tira o brilho da trilha sonora, não é mesmo?)

Rock N’ Roll Racing (Silicon & Synapse/Interplay, 1993)

Rock N’ Roll Racing

Seguindo a nossa lista, temos o mais icônico game dentro da nossa temática.

Amigos, estamos aqui falando de um clássico absoluto! Rock N’ Roll Racing é provavelmente o game que abraçou o estilo musical totalmente, influenciando tudo o que veio depois, inclusive no gameplay.

Em termos de tilha sonora, o game não deixa a desejar. São clássicos dos anos 70 como Highway Star, Paranoid, Bad To The Bone e Born To Be Wild.

Embora o número de músicas não chegue nem perto da seleção de Brutal Legend, por exemplo, a desenvolvedora fez um trabalho louvável por ter conseguido produzir versões MIDI desses clássicos, sem estragar completamente a experiência musical. Em uma palavra: obrigatório.

DOOM (id Software/Bethesda Softworks, 2016)

E para finalizar… Aqui estamos falando de porradaria satânica!

Imagine um game de ação frenética do início ao fim, onde você controla um soldado que invade o inferno matando brutalmente todo e qualquer os demônio que atravessem o seu caminho? Agora imagine que tipo de trilha sonora esse jogo merece. Se você pensou “heavy metal”, acertou em cheio!

É completamente impossível imaginar que a trilha sonora de DOOM tivesse qualquer musical diferente o metal e seus, thrash metal. Algumas pitadas de metal industrial também estão presentes, ilustrando muito bem tudo que vemos na tela enquanto jogamos. Uma tilha brutal para um game de respeito.

Bom, é isso galera. Chegamos ao fim da nossa lista.

Podemos perceber muito bem que os games que trazem qualquer sub-gênero do rock como trilha, sempre tem uma proposta voltada para ação com maiores ou menores graus de violência. Isso é muito natural se o rock for pensado como um estilo musical propício para extravasarmos toda a nossa agressividade de maneira pacífica.

Claro que estão faltando muitos outros games nessa lista, afinal eu não joguei tudo que já foi lançado na indústria. Também essa lista abrange os jogos que mais marcaram a minha vida gamer, até aqui. Sentiu falta de um jogo favorito? Comente!

Tiago Matias Escobar
Metaleiro não uniformizado. Cerveja, pizza, games e viagens ocasionais.