Vida, Quarentena e Mosaic

Reflexões sobre a quarentena e as limitações da vida no jogo de aventura narrativo Mosaic.

Os dias não são mais os mesmos. A vida se resume a ficar em casa, trabalhar e de vez em quando me divertir um pouco com vídeos e jogos. Ver amigos se tornou uma lembrança distante. Acordar, comer alguma coisa, alcançar minhas metas no trabalho, me divertir com uns memes e dormir. A pandemia tornou a vida monótona. Saudades da vida anterior…

Aqui estou mais um dia
Aqui estou mais um dia

Acordava e tinha que ir de ônibus ou metrô ao trabalho. Muitas vezes lotado ninguém se importava muito com o que acontecia ao redor. Alguns vendedores ambulantes tentavam ganhar um dinheiro para sobreviver. Vendiam balas, chocolates, aguá, remédios para dor, fones de ouvido e outras bugigangas para a vida moderna. “Diretamente de Moscou, isso mesmo, moscou o guarda levou”.

Restrita obrigação, na mesma direção
Restrita obrigação, na mesma direção

Então, chegava ao trabalho. Todo dia basicamente era a mesma coisa, trabalhos maçantes e repetitivos, alcançar metas absurdas, ouvir chefe dizendo que preciso me dedicar mais a empresa para conseguir alcançar algo. Mas o que seria este algo a mais? Parecia sempre intangível, parecia sempre muito distante.

Indiferença na vida, empatia virtual
Indiferença na vida, empatia virtual

Mas espera aí!!!? Este cotidiano não me parece tão diferente do mundo agora. Estarei vivendo ou apenas existindo? Uma pergunta clichê para uma vida clichê. Quero ser diferente mas vivo igual todo mundo. Quero encontrar alguém, mas evito a todos. Um cotidiano que me encarcera sempre em atividades cíclicas.

Nas profundezas da mente tento entender, por que estamos tão distantes de quem gostamos? Por que tanta falta de empatia? Desperdiçar a vida com futilidades me parece um caminho curto para evitar os problemas da natureza humana. A solidão que sempre existiu, andava pelas ruas e se mostrava como risos nas , agora está escancarada no meio da testa de cada um.

Sempre existe uma solução mágica para o abandono moral e social. Tudo muito simples, sempre está dentro de cada um e só mudar a atitude. Mas, e quando não é possível? Quando não se tem mais força pra lutar os medos só aumentam, e te assombram em cada canto da sala, nas ruas, nos sonhos…

O fardo parece muito difícil de carregar sozinho. Preciso de ajuda. Preciso mudar. Vou ligar para meus familiares e amigos para dizer que os amo. Vou dizer como me sinto. Deve existir um jeito de deixar as coisas melhores. A sociedade está se esfarelando, entretanto ainda é possível sorrir. Nem que seja por mais um dia.

é um jogo desenvolvido pelo estúdio  e publicado pela  O Conversa de Sofá fez uma análise para o .


Nove em cada dez mortes por suicídio podem ser evitadas. O dado, da Organização Mundial da Saúde (OMS), indica que a prevenção é fundamental para reverter essa situação, garantindo ajuda e atenção adequadas. Se conhece alguém ou se você mesmo está passando por uma situação emocional difícil, entre em contato com o CVV pelo telefone 188.


Nós do Conversa de Sofá acreditamos que os videogames são uma mídia poderosa e revolucionária e somos muito privilegiados por ter acesso a essas obras desenvolvidas por pessoas talentosas do mundo todo. Por isso, nesta época em que somos ameaçados pelo fique em casa e aproveite a oportunidade para jogar muito. Ficando em casa você não só pode apreciar os melhores jogos como também contribui para que possamos voltar à nossa rotina o mais rápido possível, além de salvar vidas.

João Ibarra
Sul-mato-grossense, mesmo, nunca teve console. Começou jogando no Super Nintendo na casa de amigos. Viveu a era de ouro das Lan Houses jogando CS 1.6 e NFS Underground. Analista de Sistemas, quase Engenheiro da Computação, vendeu a alma para a Steam, é grande fã das franquias Half Life e Max Payne.