Análise Endling – Extinction is Forever (Nintendo Switch)

Endling – Extinction is Forever conta a emocionante luta pela sobrevivência de uma raposa e seus filhotes agora que seu habitat está em risco.

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Uma raposa foge como pode do fogo que consome a floresta. Com dificuldade, ela pula por cima de troncos mortos e se espreme por baixo de cercas e galhos em busca de algum lugar que possa servir de abrigo enquanto seu antigo lar arde em chamas por todo lado. Outros animais não tão ágeis ficam pelo caminho aumentando o desespero da nossa protagonista. Após uma queda desesperada, ela encontra um espaço entre escombros antigos. Ali, quatro filhotes nascem e assim começa a aventura de Endling – Extinction is Forever, jogo de aventura e sobrevivência desenvolvido pela Herobeat Studios e publicado pela Handy Games.

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A luta pela vida.

Mídia nova, lição Antiga.

Histórias em que animais precisam lutar pela própria vida porque o ser humano destrói tudo o que encontra pela frente não são exatamente novidade mas, por mais que tenhamos belíssimas exceções, videogames são uma mídia bastante conservadora quando se trata de contar histórias. Nesse caso, Endling – Extinction is Forever foge à regra ao juntar vários elementos interessantes num mesmo produto. Aqui os humanos são os vilões, nosso personagem principal é um animal e nosso objetivo principal não é sair em busca de vingança ou conquistar territórios mas apenas criar e proteger os filhotes recém nascidos. Sem armas, sem combate (apenas uma ou outra mordida ocasional).

Endling se apresenta com visual cartunesco quase saído de um livro ilustrado mas sua arte também lembra outros jogos que se aproximam da estética low-poli como o divertido It Came From Space and Ate our Brains e o reflexivo Mosaic sendo que o destaque fica para a personagem principal e seus filhotinhos. Nossa protagonista se move com agilidade pelos caminhos predeterminados do mapa trazendo sempre consigo as raposinhas que precisamos alimentar e proteger.

Essencialmente, Endling –  Extinction is Forever é um jogo de sobrevivência. A cada madrugada, saímos da toca com os filhotes em busca de alimento e para explorar o mapa amplo que é dividido em várias seções. Cada parte do mapa possui caminhos pelos quais a raposa se movimenta lateralmente. Quando mudamos de caminho em um entroncamento, a câmera se ajusta para que a movimentação da protagonista permaneça nesse plano 2D. Eventualmente, captamos o odor de uma presa que a raposa precisará perseguir para alimentar sua cria enquanto que a segunda necessidade básica dos animais que controlamos é o sono e, como as raposas são animais de hábito noturno, então é preciso correr de volta para o abrigo a cada amanhecer.

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A raposa rastreia o caçador.

As ameaças à família de mamíferos variam de caçadores e suas armadilhas a predadores e perigos do ambiente como vãos que precisam ser transpostos e que podem ser grandes demais para algum dos filhotes. Cada erro custa muito caro e isso traz à tona alguns dos problemas que o jogo possui, como a ausência de um minimapa ou a impossibilidade de ajustar a distância da câmera de modo permanente para podermos nos antecipar a esses perigos. Um minimapa diminuiria bastante a quantidade de vezes em que é preciso apertar o botão (-) do Nintendo Switch para saber qual o melhor caminho para chegar até um ponto de interesse, já que também não há como fazer marcações no mapa.

O jogo também não deixa muito claras as suas regras. Existem elementos no cenário, árvores, por exemplo, com os quais a raposa interage e que são identificados por ícones. Outros lugares possuem ícones – não descrições – que indicam interações para os filhotes mas não há nada que indique como os filhotes irão adquirir tal habilidade ou quando isso irá acontecer. Isso faz o loop de jogabilidade ficar tedioso porque o mapa libera áreas novas após determinada quantidade de dias e repetir os caminhos já percorridos anteriormente apenas para que a madrugada termine pode ser bem cansativo depois da segunda vez.

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O cenário evolui para contar a história.

Apesar desses pequenos problemas, Endling  Extinction is Forever tem qualidades bem fortes, especialmente para aqueles que gostam de jogos com narrativas emocionantes. Não apenas o enredo do jogo é tocante, mas a maneira como ele é exposto sem utilizar qualquer diálogo é digna de nota e ele também consegue se comunicar com o jogador sem utilizar palavras como quando a raposa capta o odor de uma presa ou do caçador de peles.

Endling – Extinction is Forever é um jogo simples e com grande potencial de agradar quem gosta de aventuras sensíveis mas pode afastar jogadores mais impacientes pela repetição de algumas mecânicas e pelas situações que se resolvem por tentativa e erro em vez de regras mais consistentes.

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Vontade de levar esse filhote pra casa =)
Diego Matias
Além dos reviews, escrevo no Riffs & Solos e faço vídeos com meu irmão no canal SuperContra. Passa lá!