Análise Gorn (PlayStation VR)

É simples definir Gorn: trata-se de um simulador de gladiadores ridiculamente violento, que te leva para arenas colossais em realidade virtual e oferece boa variedade de armas.

Você gosta de histórias que envolvem gladiadores? Existem ótimas opções de filmes e séries que abordam o gênero, como “Roma” e “Spartacus”, e os clássicos “Gladiador” e “300”, mas você sabia que existe um jogo em realidade virtual com este tema?

Gorn é um jogo que simula batalhas livres entre gladiadores em arenas colossais, desenvolvido pelo estúdio Free Lives e publicado pela . Originalmente lançado em acesso antecipado na plataforma Itch.io em dezembro de 2016, teve lançamento oficial em julho de 2019 na Steam para headsets compatíveis com e finalmente chegou aos consoles para o no dia 19 de maio de 2020, que é a versão analisada neste texto.

Gostaria de começar destacando que Gorn possui uma personalidade própria muito divertida, evidenciada pelo idioma fictício dos bárbaros que foi criado exclusivamente para o jogo, inclusive utilizado na trilha sonora de divulgação com uma música de rap, além das formas desengonçadas que os adversários propõem o combate e do visual extremamente cartunesco que resulta em gráficos nítidos para o PSVR.

Da masmorra para as arenas

O lobby do game é ambientado numa masmorra com 5 andares, sendo que no térreo ficam localizadas as opções do jogo, como escolha de movimento para os dois controles Moves, seleção de giro suave ou por graus, quantidade de sangue explícito e escolha de dificuldade das arenas.

Os três andares acima são para seleção de fases e, apesar de Gorn possuir campanha, a é bem rasa, praticamente inexistente, onde o Imperador “Alimta” explana algumas de suas ideias e tenta zombar de você o tempo todo, torcendo pela sua morte a cada arena perante os espectadores, formados por cabeças flutuantes.

Cada andar possui três arenas, totalizando uma campanha com nove fases, das quais zerei em quatro horas. Cada fase consiste em matar uma grande quantidade de inimigos divididos em hordas e um chefão ao final. A maioria dos chefões são fáceis de vencer, mas existem outros que oferecem muita resistência, como o próprio Imperador “Alimta” e um caranguejo gigante.

Por falar em resistência, tenho que citar que o game é cansativo para o jogador, pelo grande número de inimigos que as hordas possuem e pelas várias vezes que você provavelmente morrerá, pois com apenas um hit do adversário, você observa o sangue dominando a sua visão, tendo que matar rapidamente um gladiador para sobreviver. O esforço físico que você fará para passar uma fase ou um andar da masmorra poderá ser equivalente às lutas de boxe de “: Rise to Glory”.

A campanha de Gorn é desafiadora e exaustiva. Exceto pelas hordas “Free-for-all”, ou seja, hordas no estilo “cada um por si”, onde os gladiadores matam uns aos outros, sem necessariamente demandar uma ação do jogador. Confesso que nas arenas do último andar fiquei parado num canto, assistindo os gladiadores se matarem enquanto recuperava meu fôlego para lutar contra o chefão.

Armas para todos os tipos de gladiadores

O fator mais recompensador de Gorn é a variedade de armas que o jogo disponibiliza. São armas manuseadas com uma ou duas mãos, além da possibilidade de brigar com os próprios punhos e utilizar escudos para se proteger. A seguir detalharei cada estilo de arma:

  • Armas para uma mão: machados, martelos, espadas, nunchakus, bastões com pregos, correntes com maças e uma arma de fogo;
  • Variações dos punhos: garras estilo “Wolverine”, uma mini besta, punhos de aço e até patas de caranguejo;
  • Armas de duas mãos: em sua maioria são variações maiores das armas para uma mão, mais potentes, mas de difícil manuseio devido a física implementada pelos desenvolvedores. A sensação de usar as armas de duas mãos é de que elas são feitas de borracha, bastante imprecisas, o que prejudica a imersão do jogo neste caso específico.

Contudo, as armas atendem o que o jogo propõe, que é tirar sangue, muito sangue dos inimigos, seja decapitando os adversários, decepando seus braços e pernas, e até arrancando seu coração! Em algumas arenas também temos a opção de jogar os inimigos nos espinhos, o que ajuda para mortes mais rápidas.

Gostaria de frisar que todo esse gore acontece com gráficos extremamente cartunescos, como já foi mencionado no início do texto.

Quer apenas se divertir? Jogue o modo livre

No subsolo da masmorra existe um modo livre que é o mais divertido na minha opinião. Neste modo podemos customizar as arenas e os inimigos de diversas formas, alterando a velocidade do gameplay, aumentando o tamanho da cabeça dos adversários, influenciando a gravidade do jogo, definindo a escala de dano das armas e até trocando sangue por doces na tela.

Movimentação do personagem não agradou no lançamento

Em seu lançamento no PSVR, Gorn recebeu apenas um tipo de movimentação para o personagem, denominada grab and pull (agarre e puxe), que consiste em segurar o botão Move de qualquer um dos controles e fazer o movimento de puxar para andar pra frente ou empurrar pra andar pra trás, possuindo a mesma lógica para andar para os lados. No entanto, esse estilo de movimento não agradou a muitos jogadores, gerando diversas reclamações para o estúdio Free Lives.

Passadas três semanas do lançamento, o estúdio lançou uma atualização que, entre correções e melhorias no desempenho do jogo, incluiu dois novos tipos de movimentação, sendo eles: orientação de movimento pela mão (esquerda ou direita) e orientação de movimento pela cabeça, utilizando os sensores do headset. Desta forma, Gorn torna-se definitivamente um jogo bom e divertido para os entusiastas da realidade virtual.

Informações adicionais sobre Gorn

O jogo NÃO possui legendas e interfaces em português, apenas em inglês. Como citei anteriormente, levando em consideração que o jogo não possui uma narrativa influente, a ausência do idioma não interfere na experiência.

O jogo NÃO possui troféu de platina. Apenas 12 troféus (8 de bronze, 3 de prata e 1 de ouro) relacionados a campanha do jogo, seus chefões e objetivos bônus que devem ser alcançados pelo jogador.

Você deve ter cuidado redobrado com o espaço físico em que jogará Gorn, pois a movimentação e o estilo de jogo combinados com os adversários surgindo em diversos cantos das arenas, que são circulares, pode te desorientar e quando menos perceber estar perto do seu armário ou da sua televisão.

Eu NÃO senti enjoo de movimento durante a minha experiência com Gorn.

Não leve Gorn a sério

Desde seus primeiros passos na arena de Gorn, levantando as mãos para saudar o Imperador e dar início ao combate, você se sentirá como um gladiador descontraído. Portanto, aproveite o jogo para colocar as energias negativas do mundo real para fora durante a jogatina, desconte nos gladiadores adversários, é para isso que Gorn e a realidade virtual servem.

Rafael Fonseca
Eu amo a Realidade Virtual e tenho como objetivo propagar a "palavra do VR"! Tenho um PSVR e o Oculus Quest, produzo conteúdo no YouTube e faço lives na Twitch.