Análise MADiSON (PC)

Com rituais, demônios, mutilações e inspiração em P.T., MADiSON tenta se destacar em um gênero bastante disputado. Será que ele conseguiu?

Review MADiSON

Confesso que não sou um dos apreciadores mais ferrenhos da mídia terror, sejam filmes ou jogos, mas quando a historia parece promissora ela acaba me prendendo mesmo sabendo das consequências (às vezes cardíacas) que vou ter consumindo aquilo. E esse foi o caso com MADiSON. Sabia que ia sofrer, e sofri.

O jogo já começa enigmático, com poucas dicas do mistério que é a trama central da história, e cabe a você descobrir o porquê de todo aquele caos estar acontecendo, e, especialmente, porque isso está acontecendo com você. O jogador assume o papel de Luca, um jovem de 16 anos que ganha uma câmera polaroid que havia sido adquirida em um leilão de bens da família Madison. Vale dizer que o leilão aconteceu porque a família foi vítima de um massacre. Coisa leve.

Luca descobre rapidamente que a câmera é amaldiçoada e, através dela, começa a ter contato com o sobrenatural e a ser atormentado por um demônio que tenta forçar o jovem a terminar um ritual iniciado no passado pelos Madisons.

Com apenas sua coragem e uma polaroid na mão você deve percorrer os cenários (a maioria dentro da casa) desvendando os mistérios do passado da família, enquanto tenta impedir que o pior aconteça antes que ele também perca a cabeça no meio dessa loucura.

MADiSON

Com a câmera você deve tirar fotos de alguns locais como forma de interação com o ambiente e em alguns momentos ela será sua única forma de iluminação. E uma dica que dou que pode te ajudar a ficar menos perdido sobre o local onde tirar essas fotos: preste atenção no chão ou nas paredes, sempre que ver uma foto preta ou baratas por perto, nas proximidades certamente existirá um local de interação com foto.

Claro, percorrendo a casa você vai se deparar com objetos possuídos que se mexe, sozinhos, um elemento bastante comum, principalmente em filmes, que ajudar a dar um calafrio a mais na espinha, fora a ambientação escura e silenciosa que contribuem para uma atmosfera de medo crescente. O silêncio prepara o clima para os jumpscares ao longo de MADiSON.

O título conta com um sistema muito interessante de puzzles, seja através de dicas nas fotos ou então encontrando pistas espalhadas pela casa ou outros cenários, montar esses quebra-cabeças é sempre instigante. Entretanto, um puzzle específico me deixou bastante frustado. Em um determinada parte do game você precisa de uma combinação de um cofre/tranca e mesmo já sabendo o código, ou mesmo chutando o fechadura não desbloqueava pois ainda não era o momento de interagir com aquele objeto. Dessa forma minha imersão foi quebrada para que a narrativa não fosse. O que achei uma bola fora tremenda.

MADiSON é assustador

Apesar desse “problema”, os puzzles te prendem muito e me deixaram ainda mais curioso sobre como aquela parte da história me levaria, e até me fizeram antever possíveis sustos que tomaria quando chegasse naquela parte. Inclusive, os quebra-cabeças tornam o game de certa forma longo, já que em alguns momentos você vai, literalmente (talvez não literalmente, na verdade), quebrar a cabeça para prosseguir.

O jogabilidade me causou um certo estranhamento no início, em virtude da movimentação do personagem. Luca parece mais estar deslizando do que propriamente andando, além do balanço da câmera não condizer muito com um movimento normal de caminhada. Por outro lado, os cenários são muito bem feitos e interligados, não devendo nada a jogos com orçamentos maiores como os da série Resident Evil.

A ambientação através do som e da dublagem é muito boa, porém o personagem principal pode chegar a ser irritante em alguns momentos, já que seus diálogos sempre parecem chorados e manhosos, mesmo em momentos em que ele não está sofrendo dano ou passando por alguma dificuldade. Entendo que o momento que o personagem está passando não é dos melhores — eu sei, porque eu estava passando medo junto com ele — mas também não é motivo para tanto drama na voz, né meu amigo!?

As coisas podem ficar bem loucas no game

Em resumo, o time de desenvolvedores argentinos da Bloodious Games fizeram um ótimo trabalho com MADiSON. Ele não é um game perfeito e pode pecar em um momento aqui, outro ali, porém não posso tirar todo o mérito de estúdio indie na produção de um game tão tão bem feito, assustador e interessante.

Se você gostou das ideias apresentadas por Hideo Kojima e Guilhermo Del Toro em P.T., esse jogo certamente bebe dessa fonte de inspiração (como vários outros ultimamente) e, com certeza, ele vai te prender do início ao fim.

Único detalhe é que talvez você precise de um coração novo ao terminá-lo, porque o jogo dá medo mesmo. E, eu não estou brincando.

Cenas de um crime em MADiSON

A análise de MADiSON foi escrita com base em uma cópia de review gentilmente cedida pela assessoria de imprensa do game. Também disponível para PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox Series e brevemente .

Andrey Mota
Batizado pelo Mega Drive, desenhista nas horas vagas e todo dia um rage diferente.