Análise Free Fire (Android/Mobile)

Com foco em jogadores casuais e aparelhos de entrada, Free Fire segue a trilha do PUBG Mobile e é um dos jogos mais populares para celulares.

Free Fire principal

Logo que comecei a jogar PUBG Mobile, indiquei o Battle Royale da Tencent para alguns colegas e quando um deles não conseguiu instalar o jogo porque seu celular não rodava, eu tive meu primeiro contato com Free Fire: um clone gratuito. Não fazia ideia de que o jogo da Garena era um fenômeno até que resolvi jogar e ver por mim mesmo.

Free Fire - abaixado
“Será que estou na Alagoinha?”

You Can’t Always Get What You Want

A comparação é inevitável. Ainda que em certa medida, todo Battle Royale tenha inspiração em Playerunknown’s Battlegrounds, jogos com estética realista se assemelham mais do que outros tipos como Fortnite e Apex Legends, e Free Fire não esconde a semelhança com PUBG.

Mas há muito mais diferenças, a começar pelo número de jogadores nas partidas. Uma partida de Free Fire reúne 50 jogadores.

Além desses 50 jogadores a menos, há uma boa lista de características ausentes no jogo, como o botão de observar o entorno do jogador sem precisar virar o boneco na tela (câmera livre). Em alguns jogos para consoles isso não faz tanta diferença, ou pelo menos não atrapalha. Já nesse caso, o resultado é precisamos rodar o personagem na tela o tempo todo como em H1Z1 (leia a análise) – o que não é elogio – e Fortnite, mas sem nada do carisma do jogo da Epic Games.

Para acrescentar algo novo, Free Fire desbalanceia o jogo com itens especiais que ficam disponíveis ao iniciar a partida como um radar que detecta a posição dos inimigos, por exemplo, ou uma mira térmica (essa, é encontrada nas partidas) que identifica a silhueta do jogador que tentar permanecer despercebido.

Free Fire - do a barrel roll
MGS4 Guns of the Patriots Mobile

Além da corriqueira customização dos personagens com todo tipo de fantasia Free Fire ainda apresenta partidas por ranking, que são liberadas quando atingimos o nível 5 e personagens com habilidades que vão sendo desbloqueados com o avanço do jogador. Entre essas habilidades estão a possibilidade de carregar itens de cura extras, algo que pode colocar jogadores em um patamar superior a partir da queda livre no mapa e é claro que esses elementos podem ser acessados por meio do “Fire Pass”, o produto vendido dentro do jogo.

Free Fire - Loja
Sem dúvida que existe o elemento pay-to-win aqui.

The Thing That Should not Be

Acontece que apesar das omissões em mecânicas em prol da simplificação da experiência Free Fire parece conhecer seu público. O jogo roda muito bem em aparelhos medianos, com modelos de personagens muito bonitos mas com um mapa menos detalhado (casas não possuem portas nem janelas) e combates que envolvem apenas uma fração da complexidade e porque não dizer, do realismo, presente no seu maior concorrente, basta perceber que só existe um mapa, o que está longe de dizer que ele não tenha alcançado seu nicho.

Mesmo com esses problemas e uma tela de início que parece uma barraca de feira pela quantidade de ícones, pop-ups e notificações oferecendo produtos pra comprar, sua tática de ser um clone simplificado do PUBG Mobile é um absoluto sucesso. Além disso, há de se admitir que Free Fire é um nome muito mais simples e fácil de lembrar e que a Bluehole (à época) cometeu um erro grande ao nomear seu principal produto como Playerunknown’s Battlegrounds (leia a análise) – mesmo PUBG é uma sigla obtusa – em vez de apenas Battlegrounds, por exemplo.

Free Fire - Vitória
Mais uma pra coleção dos Battle Royales

O resultado é que Free Fire é um fenômeno. Já vi crianças ignorando a “hora do parabéns” numa festinha de aniversário enquanto pediam pros adultos esperarem um pouco porque a partida estava quase acabando. Já vi gente jogando Free Fire esperando ônibus, em praça e sala de espera. Se depender do público brasileiro, o Battle Royale da Garena vai longe.

Diego Matias
Além dos reviews, escrevo no Riffs & Solos e faço vídeos com meu irmão no canal SuperContra. Passa lá!