Análise Ghostbusters: The Video Game Remastered (PS4)

Pegue sua Mochila de Prótons e embarque na viagem nostálgica de Ghostbusters Remastered, um dos jogos licenciados mais divertidos de todos os tempos.

Ghostbusters imagem de capa

Dez anos se passaram desde o lançamento de Ghostbusters: The Video Game e durante esse tempo eu sempre escutei discussões dizendo que esse era um título obrigatório para os fãs dos filmes e como o gameplay e os diálogos eram tão bons que faziam justiça a obra original, etc.

Infelizmente eu não podia participar dessas conversas por não ter jogado na época e não ter mais os consoles da geração passada, além do que olhava tudo com certa desconfiança.

Será que era a nostalgia dessas pessoas falando mais alto ou esse jogo era tudo isso mesmo?

Ainda mais considerando os jogos baseados em filmes que eram lançados na época.

Até que finalmente consegui colocar as minhas mãos em Ghostbusters: The Video Game Remastered e pude entender rapidamente o que tanta gente amava nesse jogo excelente.

Ghostbusters Remastered
Quem você vai chamar?

Lançado em 04 de outubro de 2019 para PlayStation 4, Xbox One, Nintendo Switch e Windows, Ghostbusters: The Video Game Remastered foi desenvolvido pela Saber Interactive e distribuído pela Mad Dog Games.

No game o jogador assume o papel de um recruta que entra para o time de parapsicólogos caçadores de assombrações bem quando uma série de eventos fantasmagóricos assola a cidade de Nova York.

Ghostbusters 3?

E por mais que ser colocado no papel de aprendiz seja um artifício comum para que o jogador aprenda gradualmente sobre como funciona aquele mundinho e as suas mecânicas, aqui em Ghostbusters além de ser interessante faz todo sentido.

Até seria legal poder jogar com Winston, Peter, Egon ou Raymond, mas como fã dos filmes prefiro muito mais ser o novato mudo e assistir os veteranos mandarem uma piada atrás da outra do que controlar um deles.

Uma diva

O respeito e o trabalho realizados aqui são de uma qualidade e cuidado excepcionais, tanto que durante anos até ser anunciado um novo filme da franquia para 2020, Ghostbusters: The Video Game era considerado por muitos, inclusive pelo próprio Dan Aykroyd, como uma espécie de Ghostbusters 3, só que em outra mídia.

A maioria dos atores dos dois filmes retornam aqui para dublar os seus personagens e todos fazem um ótimo trabalho, exceto por algumas falas do Bill Murray que soam meio sem emoção, mas que por outro lado até combinam com o personagem blasé dele.

Além dos quatro principais temos a voz de William Atherton retomando o papel do chato inspetor Walter Peck, Annie Pots como a secretária Janine e o personagem que foi o pesadelo da infância de muitos: Vigo o Conquistador, dublado pela lenda Max Von Sydow.

Eu tinha um medo gigantesco desse quadro, meu amigo

Outro detalhe importante e que diferencia Ghostbusters: The Video Game dos demais jogos baseados em franquias cinematográficas da época é a preocupação com os detalhes, principalmente com o roteiro.

Com participação de Harold Ramis e Dan Aykroyd, roteiristas e protagonistas dos dois filmes, a história contada aqui é bastante fiel ao humor e atmosfera passados na grande tela, incluindo várias referências e locais como o Hotel Sedgewick, além de fantasmas já conhecidos como Geleia e o Homem de Marshmallow.

Ghostbusters Homem Marshmallow
Parece fofinho e inofensivo mas faz um estrago, meu amigo

Gears of Ghosts

Dois anos após os eventos do segundo filme em uma exposição no Museu de História Natural sobre Gozer, vilão do primeiro filme, uma estranha energia emana do museu e se propaga por toda cidade libertando vários fantasmas e compete a você e aos Caça-Fantasmas originais descobrirem a causa desse fenômeno e capturar todas essas entidades fantasmagóricas.

Outra Dimensão!!!!!! – Saga de Gêmeos

Desenvolvido como um jogo de tiro em terceira pessoa Ghostbusters: The Video Game Remastered tem várias influências, principalmente no combate de um dos expoentes do gênero: Gears of War, inclusive sendo vendido pelos produtores na época do lançamento original como um Gears mais leve.

Já a interface de usuário mais limpa é uma referência direta a Dead Space, lançado em 2008, com a vida e status de temperatura da arma sendo mostradas na Mochila de Prótons do jogador.

Toma essa Gasparzinho

Para capturar os fantasmas o jogador utiliza o laser dessa Mochila e ao progredir novos modos de tiro experimentais vão sendo acrescentados por Egon.

Esses modos simulam os diferentes tipos de armas dos jogos convencionais, como o Amplificador de Fluxos Stasis que é basicamente uma escopeta ou o Intensificador de Pulso de Sobrecarga que seria o equivalente a uma metralhadora.

Outro item fundamental e que vai ser usado muito durante a campanha é o Medidor PKE, que é usado para detectar a direção dos eventos paranormais e onde fantasmas e artefatos estão escondidos, além de estudar os diferentes tipos de aparições e suas fraquezas.

Medidor PKE

Ao capturar ou destruir esses fantasmas ou ao encontrar essas relíquias o jogador ganha dinheiro que pode e deve ser usado para comprar melhorias para os equipamentos, o que é vital principalmente em dificuldades mais altas como a Profissional onde é muito fácil morrer com pouco dano recebido.

Apesar disso a missão só falhará se todos os jogadores estiverem mortos ao mesmo tempo já que você pode ser revivido ou reviver seus companheiros quando for estrategicamente mais favorável visto que não existe um contador de tempo para a reanimação.

Norman Bates, é você?

E pode se acostumar a reanimar seus colegas, a inteligência artificial deles não foi reformulada nesse remaster, e embora sejam de grande ajuda para causar danos nos fantasmas eles são completamente incapazes de desviar dos detritos e dardos de gosma e ectoplasma que os inimigos lançam.

Muitas lutas com chefes se estenderam mais do que eu esperava por conta de ter que parar a luta em si para reviver um dos veteranos, o que não é um grande problema já que o jogo tem checkpoints bem colocados.

Quem você irá chamar? Remaster!

Agora pensando nas características que um bom remaster deveria ter Ghostbusters: The Video Game Remastered faz um trabalho bom, porém poderia ter feito muito mais.

Os personagens e principalmente os cenários foram bem atualizados e estão muito bem feitos.

O visual dos personagens ser mais cartunesco e menos foto realista também contribuiu para que a Saber Interactive deixasse o trabalho de 2009 da Terminal Reality ainda mais bonito do que já era.

Visuais bonitos e bem detalhados

Por outro lado, as cutscenes sofrem um pouco e aparentemente são exatamente as mesmas da versão original, sem terem sido retocadas como o restante do jogo, fazendo saltar aos olhos que estamos lidando com um produto de 10 anos atrás no momento em que elas começam.

Outro ponto que pode incomodar é a ausência de legendas em português, se não estiver com o inglês em dia esse pode ser um demérito e influenciar na sua escolha de adquirir ou não o game.

A jogabilidade que era o que eu mais temia ter ficado datada é na verdade bem sólida, existem pequenos problemas de personagens ficarem presos nos cenários aqui e ali, a inteligência artificial dos seus amigos às vezes vacila um pouco, mas no geral Ghostbusters: The Video Game Remastered é extremamente divertido e com uma variação boa de diferentes de aparições que se comportam e precisam de estratégias diferentes para serem obliteradas.

Fantasmas bem variados e de várias nacionalidades

A campanha multiplayer presente nas versões de Playstation 3 e Xbox 360 não foi trazida para o remaster, o que deixa o jogo menos interessante para alguns, mas agrada a outros, principalmente os caçadores de troféus que não são lá muito chegados em troféus online.

Inclusive quem quiser obter o troféu de platina vai precisar jogar ao menos 2 vezes: uma causando mais de 300 milhões de dólares em danos às propriedades e uma causando menos de 100 mil.

Também é necessário jogar na maior dificuldade uma vez, encontrar todos os itens assombrados, comprar todos os upgrades dos diferentes tipos de tiro, usar cada um deles para aprisionar um fantasma ao menos além de escanear todos os tipos de fantasmas até ter 100% do perfil deles completo.

Os demais troféus são relacionados à história ou obtidos naturalmente através da progressão na campanha.

Mas o mais importante é o quanto é satisfatório esgotar a barra de vida dos fantasmas e depois “laçar” eles no ar antes da captura, quase uma queda de braço ou pescaria usando um feixe de luz instável praticamente caseiro enquanto tenta segurar o sorriso de ter sido oficialmente, pelo menos por algumas horas, um Caça-Fantasmas.

A análise de Ghostbusters: The Video Game Remastered foi escrita com base em uma cópia de PS4 fornecida pela assessoria de imprensa do jogo.

Papai Platina
(Pouco) conhecido como Willian. Marido, pai de três filhos maravilhosos, fã de Stephen King, filmes toscos e trophy hunter nas horas vagas. No Twitter como @papaiplatina e willianmarques na PSN.