Análise Dead by Daylight

Dead by Daylight é um survival horror multiplayer assimétrico, onde um jogador controla o assassino que perseguirá o grupo de quatro jogadores que vão tentar escapar desta ameaça.

Uma entidade demoníaca teve a ideia de reunir personagens de várias realidades para se alimentar de suas esperanças. Colocando essas pessoas cara a cara com os cruéis assassinos de seus mundos, ela te dará a chance de fugir, mas independente do resultado, a criatura pouco a pouco consumirá pedaços de sua alma e te manterá preso neste jogo. O jogo não passa um background diretamente, porém através dos textos nos perfis dos personagens e assassinos, nas descrições das habilidades e dos itens que você pode usar, é mostrado o quão solitário e aterrorizante é aquele universo.

A morte não é uma saída!

O objetivo dos sobreviventes em Dead by Daylight é consertar cinco geradores de energia para ativar o portão de saída e fugir das garras do assassino. Enquanto isso, o assassino estará caçando o grupo para pendurá-los nos ganchos e oferecer suas almas à Entidade. Seus sentidos estarão sempre atentos a qualquer detalhe do cenário e basta um corvo levantar voo ou ver rastros no chão e paredes para saber que alguém passou por ali e deve ser morto. Na prática, as partidas são realmente desafiadoras e intensas colocando a prova seus nervos e testando seu sangue frio, pois não será uma tarefa fácil alcançar os objetivos de ambos os lados.

Como sobrevivente, o tempo para reparar os geradores, por exemplo, pode ser suficiente para que o assassino o encontre e interrompa seu trabalho, ainda mais se você errar os testes de perícia fazendo com que o gerador sofra uma explosão e regresse um pouco seu progresso. Caso seja pego e pendurado no gancho, terá 2 minutos para tentar se livrar ou ser salvo antes que a Entidade lhe carregue para o além.

Consertar geradores com alguém é mais rápido que sozinho

Como assassino, terá que bater no sobrevivente duas vezes para imobilizá-lo, enquanto patrulha e danifica os geradores em progresso, impedindo-os de serem concluídos. A primeira vez o deixará ferido, o que o fará sangrar e gemer até que se cure. A segunda vez o derrubará no chão fazendo-o ter que se arrastar para se locomover. Alguns assassinos possuem o poder de derrubar o sobrevivente de uma vez só, mas necessita de tempo para ativá-lo e terá uma pequena punição em sua movimentação caso erre. Nesse momento você poderá carregá-lo em seu ombro e pendurá-lo no gancho para que espere pela morte.

Essas regras fazem com que as partidas de Dead by Daylight sejam balanceadas. Para tornar as coisas um pouco mais interessantes, o jogo oferece habilidades úteis para ambos os jogadores e também itens, como kits de primeiros socorros e caixas de ferramentas, para os sobreviventes. Mas não espere encontrá-los tão facilmente, você terá que usar habilidades ou oferendas que aumentam a sua sorte para achar itens melhores e mais duráveis nos baús espalhados pelo mapa.

Sem lugar para se esconder!

Todas as fases são geradas proceduralmente, ou seja, baús, paredes e construções sempre estarão dispostos de forma diferente a cada partida, fazendo com que os jogadores sempre tenham que explorar os cenários. Isso mantém a tensão durante o jogo e a sensação de estar perdido por não conhecer o local.

A cabana do assassino estará presente em todos os mapas abertos, muitas das vezes possuindo um porão cheio de ganchos esperando algum desavisado adentrar para cair numa armadilha tentando abrir o baú que possui. Cada mapa tem uma construção principal indicando que você está em alguma variação de um mesmo mapa que possivelmente visitou na partida passada.

Pallets e janelas são sua fonte de fuga e tempo no jogo, pois o assassino terá que pular a janela ou quebrar o pallet para continuar lhe perseguindo. Mas tenha em mente que os pallets são limitados e devem ser usados com sabedoria, e uma mesma janela será bloqueada caso você a pule 3 vezes seguidas em um curto intervalo de tempo.

Esperar alguém vir te salvar é mais efetivo do que tentar escapar

Perdido para sempre

O jogo possui, até o momento, 17 assassinos e 19 sobreviventes, sendo alguns personagens conhecidos como Leatherface, Freddy Krueger e Michael Myers do lado dos assassinos e Ash Williams de Evil Dead e William “Bill” Overbeck do jogo Left 4 Dead, além dos personagens originais.

Cada assassino tem seu próprio poder que pode ser usado para punir os sobreviventes e impedi-los de escapar, como a Praga, uma deusa Babilônica que vomita nos sobreviventes e os faz infectar tudo o que tocam, a Espírito, uma jovem brutalmente assassinada que possui uma Katana de vidro e fica invisível enquanto se teleporta, ou o Doutor, um médico sádico que eletrocuta suas vítimas deixando-as à beira da loucura vendo ilusões e gritando de desespero.

Atualmente o jogo conta com por volta de 130 habilidades, sendo 70 de sobrevivente e 60 de assassino. Cada personagem, sendo assassino ou sobrevivente, possui 3 habilidades únicas que podem ser liberadas para os outros personagens quando você evolui sua árvore de habilidades, usando seus Pontos de Sangue adquiridos no fim de cada partida. É preciso que o jogador chegue até os níveis necessários para liberá-las, ou então comprá-las no Santuário, que muda semanalmente, usando Fragmentos adquiridos ao subir o nível de sua conta.

As habilidades possuem até 3 níveis que as deixam mais poderosas ou mais rápidas de ativar

Essa mecânica de misturar habilidades e criar suas próprias builds é o que deixa o jogo balanceado e divertido de jogar, aumentando o fator replay e lhe permitindo criar desafios pessoais em cada partida, pois é possível criar builds para todas as situações e que, no caso dos assassinos, suprem alguma deficiência em seu poder ou que o potencializa. Por exemplo: A Praga possui o poder de vomitar nos sobreviventes e infectá-los fazendo com que infectem tudo o que tocam e fiquem impedidos de se curar a menos que bebam a água da fonte. Fazendo isso, a água da fonte torna-se corrompida e deixa a assassina mais forte. Então a habilidade Thanatophobia, que faz com o que os sobreviventes executem suas ações mais lentamente quando estão feridos, torna-se uma habilidade indispensável para esta assassina, pois deixa os sobreviventes confusos tendo que decidir entre se curar e deixá-la mais forte, ou permanecer infectados correndo o risco de serem derrubados com mais facilidade. Isso combinado com as habilidades Perdendo as Esperanças, Intervenção Corrompida e Arruinar, deixa o conserto de geradores extremamente lento para os sobreviventes, o que faz com que a assassina tenha um controle melhor de mapa e aplique pressão aos sobreviventes.

Quanto mais sobreviventes forem para o gancho, “Perdendo as Esperanças” causa mais lentidão nas ações deles, “Intervenção Corrompida” bloqueia 3 geradores por 2 minutos no início da partida e “Arruinar” torna o conserto mais lento e difícil até que alguém quebre o totem pegando fogo escondido pelo mapa

Como sobrevivente você pode criar uma build somente para consertar geradores como Déjà Vu, Técnico, Tocaia e Prove-se. Ou uma build somente para curar os aliados como Conhecimento Botânico, Empatia, Conhecimento Urbano e Auto Cura. Isso faz com que você tenha sua própria “classe”, como em um RPG, e caso jogue com amigos, torna cada partida diferente uma da outra e não deixa o jogo monótono, pois cada um terá sua função primária na equipe.

“Déjà Vu” mostra a aura dos 3 geradores mais próximos, “Técnico” faz o gerador ter 50% de chance de não explodir caso erre o teste de perícia, “Tocaia” lhe da 3 moedas bônus para usar no conserto de geradores com maior eficácia e “Prove-se” lhe da 10% a mais de velocidade de conserto por cada pessoa que estiver consertando o gerador; “Conhecimento Botânico” aumenta a velocidade e eficiência de itens de cura, “Empatia” permite ver a aura dos aliados feridos, “Conhecimento Urbano” reduz o consumo do item usado e “Auto Cura” permite se curar sem um kit médico e aumenta a eficiência do item se usado em si mesmo

Conseguir todas as habilidades em todos os personagens acaba se tornando uma tarefa cansativa para os jogadores mais novos, pois demanda um grinding imenso que pode durar algumas centenas ou milhares de horas, podendo causar um pouco de desânimo, já que cada personagem possui sua árvore de habilidades própria. Chegando no nível 50, nível máximo do personagem, o jogador ganha a capacidade de comprar 2 habilidades de uma vez, o que torna a tarefa um pouco mais rápida e barata. O jogador também pode optar em dar o Prestígio no personagem, que irá reinicia-lo fazendo-o perder todos os itens e habilidades compradas anteriormente, porém ganhará uma peça de roupa ensanguentada, que o irá ajuda na camuflagem, e itens melhores passarão a vir na árvore de habilidades. Cada personagem poderá atingir até o Prestígio 3 para ganhar as 3 peças ensanguentadas (tronco, pernas e cabeça) e completar o visual.
Além das DLCs de visuais, o jogo possui uma loja com diversas peças de roupas e penteados, que podem ser comprados com o dinheiro do jogo ou dinheiro real, para deixar seu personagem com a sua cara. As combinações vão depender da imaginação e do estilo do jogador. De que adianta ser levado pela Entidade sem estar bem vestido?

Trilha de Sangue

À primeira vista, o gráfico não é o atrativo principal, já que parece um jogo de 7ª geração. Porém após algumas horas isso torna-se irrelevante, pois você estará coberto pelo medo e desespero em tentar se manter vivo por mais de 2 minutos. O problema começa quando as únicas opções gráficas são o ajuste da escala de renderização e o nível gráfico entre o Baixo e Ultra, que não muda muito, já que o Ultra é o Baixo com a imagem mais escura e com efeitos de sombra. Fora o constante Anti-Aliasing que não pode ser desativado, proporcionando incômodos na visão e um aspecto feio na imagem do jogo. Essa falta de personalização gráfica faz com que os jogadores que não possuem uma máquina potente, sofram com constantes quedas de frames e vejam as texturas serem renderizadas enquanto jogam. Nos consoles as quedas de frames são presentes também, o que torna mais difícil já que o jogo roda no máximo a 30 frames.

Após 3 anos, o jogo ainda conta com diversos bugs de jogabilidade como não poder realizar nenhuma ação durante a partida e por consequência não poder fugir pelo portão a ponto de andar até a borda do mapa e cair infinitamente esperando pela morte, ficar preso em um objeto invisível e não conseguir mais sair, ver a caixa de colisão do seu personagem entrar em conflito com a de alguma construção e você ser ejetado para cima, travamentos na HUD do menu principal impossibilitando de clicar nos ícones, e erros de conexão que o impedem de procurar outra partida sendo necessário reiniciar o jogo. Os desenvolvedores ainda implementaram uma espécie de mecânica 3D ao som ambiente que mais atrapalhou do que ajudou, onde não é possível ouvir um gerador atrás da parede, mesmo que vc esteja colado nela ou que tenha uma porta aberta ao lado do gerador, sendo necessário estar extremamente próximo e no mesmo cômodo para ouvi-lo, e se a sua câmera está dentro de um objeto ou uma parede, no caso dos sobreviventes, todo o som do jogo ficará abafado até você movimentar sua câmera para fora.

Desde o seu lançamento em 2016, a Behaviour, empresa desenvolvedora, tem passado por altos e baixos tentando melhorar seu jogo tanto na questão gráfica, balanceamentos e melhorias de jogabilidade, quanto na adição de novos conteúdos e nos servidores dedicados a fim de proporcionar uma melhor experiência de jogo. O que podemos afirmar é que hoje está infinitamente melhor e mais balanceado que antes, e com o lançamento da DLC do Ghostface, o assassino mais aclamado pela comunidade desde o anúncio da implementação de assassinos licenciados, o jogo tem crescido e melhorado bastante. Após isso, fomos surpreendidos com o lançamento da DLC Stranger Things, com Steve e Nancy como sobreviventes e o Demogorgon como assassino, o que fez jogo parecer engatar de vez, atraindo um público maior e fã dos filmes clássicos de terror.

Dead by Daylight está disponível para PlayStation 4, Nintendo Switch, Xbox One e Microsoft Windows, com uma versão para Android sendo desenvolvida e lançada futuramente.

Thiago França
Também conhecido como "Trigo" ou "Tareav". Viciado em RPG tático e desenhista preguiçoso. Vendeu o PlayStation 2 e agora tem mais de 200 jogos guardados no estojo. Na build da vida esqueceu de botar pontos em carisma e sorte.